Você certamente já passou por alguma situação deste tipo. Durante uma cerimônia de casamento, enquanto os noivos dizem “sim”, internamente você pensou na sua esposa e se viu renovando os mesmos votos.
Ou, enquanto estava curtindo um bom livro, você teve uma ideia que foi tão profunda que lhe fez ficar de boca aberta por alguns segundos, o olhar perdido na distância, absorvendo a significância daquele insight.
Ou, depois de assistir aquele filme da hora, você saiu do cinema ou desligou a TV e ficou cheio de perguntas não apenas com relação ao filme, mas no modo como ele tecia paralelos e intersecções com a sua própria vida.
Ou, quando um amigo seu lhe contou um ocorrido, aquilo lhe ajudou a resolver um dilema da sua própria vida que ele nem tinha ideia.
Em todas estas situações acima, você captou uma mensagem ou uma experiência que não era direcionada explicitamente para você. Você escutou nas entrelinhas. E ser atingindo por uma forma de comunicação indireta tornou a mensagem ainda mais poderosa.
COMUNICAÇÃO DIRETA VERSUS COMUNICAÇÃO INDIRETA
Qual a melhor maneira de passar uma mensagem para outras pessoas, especialmente se esta mensagem contem princípios e verdades importantes? A resposta para isso é vale ouro para qualquer um que anseie em influenciar as pessoas à sua volta – professores, parentes, amigos, cônjuges.
Ser capaz de fazer com que seu filho ou filha escute seus ensinamentos sobre os caminhos da vida, evitando esforços e frustrações inúteis, é tudo que um pai ou uma mãe quer da vida.
Examinado o modo como interagimos, o filósofo Soren Kierkergaard propôs que existem basicamente dois tipos de comunicação, cada uma voltada para um diferente tipo de ensino e aprendizado.
Primeiro, existe a Comunicação Direta, ou a comunicação do conhecimento. Ela consiste na transferência direta de informações objetivas. Pense em um cientista coletando dados, em uma mesa com vários executivos apresentando resultados e traçando metas, ou em uma criança aprendendo tabuada. Todos estes trabalham no nível da comunicação direta.
E então existe a Comunicação Indireta, ou a comunicação das capacidades. Muito mais que simplesmente desenvolver o conhecimento objetivo, a comunicação indireta ocupa-se de tudo que se relaciona à sua existência filosófica e ética – porquê você é de um determinado jeito e como deveria agir.
O lance é que a Comunicação Indireta não tem a ver com adicionar conhecimentos que não existiam em seu HD, mas em aprofundar seu autoconhecimento, em acordar você para todas aquelas verdades que você sempre soube, mas permitiu-se esquecer.
Kierkegaard acreditava que a overdose de informações objetivas soterra as verdades. Por exemplo: alguém pode discursar a vida inteira sobre ética, ler TODOS os livros escritos sobre o assunto, fazer cursos em série sobre o tema, saber todas as definições acadêmicas, e até começar a agir de modo absolutamente ético, mas essa pessoa pode ser incapaz de interiorizar estes conceitos se jamais fizer para si mesma a pergunta mais importante de todas: “Como alguém deveria viver?”.
A informação, Kierkegaard escreveu, não leva automaticamente a uma decisão ou a uma mudança de comportamento, e fará pouca ou nenhuma diferença se não migrar da sua cabeça para o seu coração. O objetivo da comunicação indireta é mas modificar seu relacionamento cognitivo com a informação para um relacionamento mais íntimo, profundo e existencial. A meta é catalisar uma convicção que reforce seu caráter e lhe faça agir.
COMO UTILIZAR A COMUNICAÇÃO INDIRETA?
O segredo está em respeitar o ouvinte, envolvendo-o e fazendo-o participar do assunto. A tática de abordagem do tema deve evitar o didatismo obtuso e o confronto: ela deve promover o diálogo por meio de perguntas abertas. A Comunicação Indireta não é um jogo a céu aberto, ela é um Cavalo de Tróia.
Ao invés de fazer seu interlocutor sentir que você está falando diretamente com ele, deixe-o sentir com se você estivesse recordando e refletindo sobre alguma coisa – e por acaso o outro está ali, ouvindo seus pensamentos.
O invés de cuspir as conclusões e aplicações de sua mensagem, permita ao ouvinte tirar suas próprias conclusões.
Ao invés de entupir a cabeça do outro com suas ideias e crenças, faça perguntas que o levem a descobrir as respostas por si mesmo.
Ao invés de chamar a atenção para si, retire seu ego da frente para dar lugar às realizações de outrens.
Ao invés de forçar o outro a uma decisão, dê-lhe espaço para que faça sua própria escolha.
A Comunicação Indireta faz um amplo uso de histórias, imagens, analogias e metáforas com as quais o ouvinte pode se identificar. Ao invés de criar uma situação, ela permite que a situação se crie com leveza, pontuando uma discussão séria com momentos de humor para aliviar a tensão. O comunicador indireto aborda o assunto em segunda ou terceira pessoa, minimizando o contato visual e, em geral, a conversa é conduzida lado a lado, e não cara a cara.
CRÍTICAS À COMUNICAÇÃO INDIRETA
A lista abaixo apresenta algumas características típicas da Comunicação Direta e seus contrapontos na Comunicação Indireta:
Comunicação Direta:
1 – Você diz na lata como as coisas são. Os fatos falam por si.
2 – Honestidade é a melhor política.
3 – Está tudo bem em dizer “não”.
4 – A Verdade é mais importante que os sentimentos dos outros.
5 – A conversa é cara a cara.
6 – Tempo é dinheiro. Você vai direto ao ponto.
7 – Discordar faz parte.
Comunicação Indireta:
1 – Se você não tem nada gentil para falar, fale nada.
2 – Fale o que você acha que o outro quer ouvir. Ser educado é mais importante que ser honesto.
3 – Evite dizer “não”. Prefira “talvez”, ou “possivelmente”.
4 – Se a verdade doer, amenize.
5 – Leia nas entrelinhas.
6 – Um bate papo leve e descontraído tem seu valor. Perguntas triviais não são perda de tempo.
7 – Evite criticar outras pessoas.
Muitas culturas baseiam-se quase inteiramente na forma de Comunicação Direta. Norte-americanos, ingleses, suíços e alemães, por exemplo, são obcecados com esta forma de comunicação. Mas italianos, japoneses, chineses, árabes e indianos acham-na rude e deselegante.
Apesar da Comunicação Direta ser rápida e eficaz, ela pode fomentar atritos e gerar conflitos. Além disso, comunicadores diretos são incapazes de compreender as sutilezas e perceber as vantagens nas possibilidades de arranjos da Comunicação Indireta.
Em contrapartida, é fato que a Comunicação Indireta pode dar margem a uma série de desentendimentos: uma vez que a tarefa de compreender a mensagem cabe derradeiramente ao outro, como você pode certificar-se de que ela foi corretamente entendida?
Parece óbvio que a forma Direta deve ser preferível no ambiente de negócios e torna-se mandatória na cabine de comando de um avião, por exemplo. Ela pode também ser diferencial na hora do flerte: um sujeito cheio de indiretas e evasivas se parece muito com alguém que não sabe o que quer, e isso é péssimo.
Entretanto, a arte de ser um bom comunicador indireto jamais deve ser menosprezada. Aplicada corretamente, a Comunicação Indireta transforma-se em uma ferramenta extraordinária para expressar seu valor, construir redes de contato e abrir portas.
A diferença central entre Comunicação Indireta e Direta está na diferença entre compreender algo e efetivamente expressar este algo em sua vida. É a diferença entre saber sobre algo e SABER ALGO. Vale à pena estudar sobre ambas as formas, dominar seus usos e adaptar-se às situações. Nenhuma arma é tão poderosa quanto o conhecimento.
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