TESTOSTERONA E JEJUM INTERMITENTE

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Uma vez que a testosterona é principal hormônio envolvido com o ganho de massa muscular no corpo humano, muitos fisiculturistas e praticantes de musculação utilizam técnicas de jejum intermitente com a intenção de aumentar a produção e os níveis circulantes de testosterona. Existem várias maneiras de praticar jejum intermitente. A mais comum delas consiste simplesmente em concentrar o consumo de calorias em um intervalo de 8h ao longo do dia, passando as 16h seguintes sem comer coisa alguma.

Mas será que o jejum intermitente de fato aumenta sua testosterona?

Em 1987, um estudo (1) avaliou marcadores bioquímicos em 10 homens após uma noite de jejum (8h) e após 48h de jejum, sendo observada uma REDUÇÃO nos níveis de glicose e de Testosterona. Os níveis circulantes de estradiol e FSH permaneceram inalterados.

Um estudo publicado em 2015 (2) avaliou um grande número de pesquisas clínicas que abordavam os efeitos de vários métodos de jejum intermitente (comer dia sim / dia não; restringir o consumo de caloria em 2 dias não consecutivos da semana, alimentando normalmente nos outros 5; concentrar toda a ingesta calórica em um intervalo de 8h, etc) sobre o metabolismo humano. De um modo geral, o jejum intermitente mostrou-se útil como ferramenta para perda de peso, mas nenhum dos estudos avaliados determinou exatamente o efeito do jejum sobre a produção endógena de testosterona.

Outra pesquisa mais recente, realizada em 2016 (3), avaliou a influência do jejum intermitente em 34 atletas masculinos de resistência. O grupo-intervenção recebeu 100% de suas necessidades energéticas em um intervalo de 8h (3 refeições/dia), mantendo jejum nas 16h restantes. O grupo controle, recebeu 100% de suas calorias também em 3 refeições, mas sem obedecer a janela de 8h. Após oito semanas, o grupo-intervenção apresentou redução da gordura corporal sem perda da massa ou da força muscular. Entretanto, seus níveis de Testosterona diminuíram significativamente.

Segundo as evidências científicas disponíveis até aqui, a prática de períodos de jejum – e, especialmente, a diminuição da quantidade de calorias que você ingere diariamente – é a única medida isolada verdadeiramente capaz de prolongar sua expectativa de vida. Estudos bem conduzidos mostraram que, em roedores, a diminuição da ingestão calórica diária é capaz de aumentar A longevidade em 55-65% (4). A restrição no consumo de calorias também é capaz de retardar o desenvolvimento de várias doenças associadas ao processo de envelhecimento, como diabetes e câncer (5).

Todavia, o emprego do jejum intermitente como um método para aumentar seus níveis de testosterona não possui fundamentação científica, parecendo basear-se mais em um “ouvir dizer” que em fatos validados por experiências sérias. Na verdade, muito pelo contrário: as evidências até aqui apontam na direção de que o jejum intermitente DIMINUI seus níveis circulantes de testosterona. Portanto, se você quiser perder peso, o jejum é uma boa dica. Se quiser ganhar massa muscular ou aumentar sua testosterona, ele pode ser uma péssima ideia.

 

Referências

  1. Röjdmark S. Influence of short-term fasting on the pituitary-testicular axis in normal men. Horm Res. 1987;25(3):140-6.
  2. Patterson RE et al. Intermittent fasting and human metabolic health. J Acad Nutr Diet. 2015 Aug; 115(8): 1203–1212.
  3. Moro T et al. Effects of eight weeks of time-restricted feeding (16/8) on basal metabolism, maximal strength, body composition, inflammation, and cardiovascular risk factors in resistance-trained males. J Transl Med. 2016; 14: 290.
  4. Weindruch R. The retardation of aging by caloric restriction: studies in rodents and primates. Toxicol Pathol. 1996 Nov-Dec;24(6):742-5. –
  5. Weindruch R, Kayo T, Lee CK, Prolla TA. Microarray profiling of gene expression in aging and its alteration by caloric restriction in mice. J Nutr. 2001 Mar;131(3):918S-923S.

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