REPENSANDO O SIGNIFICADO DO TRABALHO

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Um certo dia, Antônio chegou em casa mais cedo do que o normal, com lágrimas nos olhos. Ao ver suas duas filhas brincando na sala, ele não aguentou o choro. A última vez que tinha chorado assim foi enquanto ainda era criança. Ele nem lembrava mais como era a sensação.

Sua mulher, estranhando o horário, já que sequer lembrava a última vez que tinha chegado tão cedo, ficou pálida: “não me diz que você foi demitido”. Rapidamente ele corre para abraçá-la: “Não, eu só estou feliz de ver todo mundo”.

Estava há dias prometendo para a mulher que chegaria em casa mais cedo, mas sempre terminava preso no trabalho. Há 2 anos, mesmo jovem, ele teve um problema cardíaco e os médicos não sabem como conseguiu sobreviver. Agora, acima do peso e desmotivado, sua vida estava um desastre.

Logo antes de sair do escritório, viu que tinha 134 emails não lidos, algumas centenas de mensagens de whatsapp e diversas ligações perdidas dos seus subordinados no trabalho. E esse foi o estopim. Na mesma hora se desligou de tudo e correu para casa.

Durante os 6 meses que se seguiram, o Antônio não deixou uma vez sequer de sair cedo e passar na academia antes de chegar em casa. Ele instituiu um outro hábito: toda manhã, antes de sair para o trabalho, deixava um bilhete debaixo da porta do quarto das filhas. Uma forma de mostrar a importância delas na sua vida. Tomar o café da manhã em casa também foi uma forma que encontrou para passar mais tempo com a mulher.

Antônio estava prestes a ser demitido. Embora fora o melhor vendedor da empresa, sua performance havia caído drasticamente. Hoje, ele se encontra com uma forma física invejável e nunca vendeu tanto na carreira. Até seu chefe ficou impressionado: “não faço ideia de como você conseguiu renascer”.

A história de Antônio, cujo nome verdadeiro foi omitido, é cada vez mais comum no ambiente de trabalho atual. Um recente estudo da ADP, realizado em 13 países (com o Brasil incluso), mostrou que há um descasamento entre como trabalhadores realmente se sentem nos seus empregos e como os empregadores acham que eles estão sentindo.

A consequência disso é que muitos funcionários não são mais leais às suas empresas. Mais de 40% estão abertos a mudar de emprego imediatamente, mesmo que seja para um que pague menos. Isso gera um grande turnover, o que, por sua vez, é ruim não só para as empresas, mas, também, para os próprios trabalhadores.

E como podemos solucionar esse grave problema social?

Qual o significado de “trabalho”

Para começarmos a pensar em soluções, precisamos, antes, entender o que é considerado “trabalho” nos dias de hoje.

Acima de 80% dos colaboradores analisados no estudo afirmaram que gostariam de desempenhar um papel importante nas suas empresas. Entretanto, esse desejo não condiz com como eles se sentem no ambiente em que trabalham. Muitos têm dificuldade de entender sua importância e enxergar como podem fazer diferença para a sociedade onde vivem.

Em outras palavras, estão em um “emprego de besteira”. Na descrição das vagas, esses trabalhos podem parecer fantásticos. Mas basta ver as redes sociais dessas pessoas para perceber que elas vão para casa todas as noites reclamando que seu trabalho não serve para nada.

Se há algumas décadas isso não influenciava tanto a carreira de um trabalhador, hoje, o propósito do trabalho é determinante para a decisão de permanecer, ou não, em uma empresa. Não à toa, metade dos brasileiros querem deixar suas atuais empresas, e apenas 1/4 dos trabalhadores se mantém na mesma companhia por mais de 3 anos.

Em meio à maior crise de todos os tempos, essa realidade assusta.

Um dos maiores desafios para os gestores modernos é combater o crescente turnover de suas equipes. Reduzir essa rotação é importante não só para economizar dinheiro para as empresas, mas, também, para manter um alto nível de conhecimento e experiência entre os funcionários.

Entretanto, o que muitos gestores não entendem é que os funcionários são a força vital da empresa. Portanto, para impedirem que talentos deixem suas empresas, é preciso, primeiro, entender suas demandas e o que eles enxergam como trabalho.

Atualmente, a definição de trabalho está ligada à de emprego. É um vínculo formal entre uma empresa e um funcionário. Requer a existência de um cargo e um salário, ou seja, é um ato burocrático. Só isso que é válido para a conta do PIB de um país.

Por esse motivo, nosso sistema educacional é voltado para atender os indivíduos de forma mais rápida possível. Visando deixá-las minimamente preparadas para irem para a  linha de produção tão logo receberem seus diplomas.

Como bem descreve Brad Pitt no filme “Clube da Luta”, trabalhamos em empregos que odiamos para comprar coisas que não precisamos. Essa foi a realidade do ser humano por muito tempo.

Hoje isso está mudando. As pessoas começaram a acreditar que sem ter um propósito ou um objetivo de vida, trabalhar para uma corporação já não faz mais tanto sentido. O salário já não é mais fator determinante para prender esses trabalhadores.

Um novo significado para “trabalho”

Em um mundo onde 85% dos empregos que existirão em 2030 ainda não foram inventados, é fundamental que procuremos repensar o significado de trabalho.

Durante minha vida inteira fui educado para seguir o caminho tradicional. Colégio, faculdade, estágio e depois um emprego em algum escritório ou no mercado financeiro. Essa era a vida que meus pais queriam que eu tivesse e, durante anos, eu achava que isso era o normal.

Mas sempre fui questionador, e nunca entendi direito por que todos temos que acabar trabalhando para realizar o sonho de alguém e não o nosso próprio. A partir daí comecei a empreender. Tentei alguns negócios até que hoje eu me encontro em uma profissão um tanto inusitada. Aliás, eu sequer sei qual a minha profissão!

Tenho uma empresa de consultoria, atuando como consultor de empresas em eficiência operacional. Mas, ao mesmo tempo, sou professor e escritor. Não só isso como também tenho outros negócios em paralelo. A realidade é que hoje eu sigo minha paixão: ensinar pessoas e ajudar empresas a desenvolverem. Só que eu trilho esse caminho pela rota que eu mesmo crio, do jeito que acredito ser bom para mim e para os outros.

Portanto, ao meu ver, esse é o novo significado de trabalho. Enquanto que, com um “emprego” as pessoas são reativas, ou seja, usam o que foi criado por outros, no “trabalho” somos proativos, nós mesmos somos donos de nossos próprios recursos.

Note que não estou dizendo que todos devemos empreender e criar um negócio próprio. Mas é possível para uma pessoa encontrar um “trabalho” dentro de empresas, e não só um “emprego”. Muitas empresas, inclusive, já têm investido em iniciativas própriasdos seus colaboradores.

Essa realidade não é exclusiva minha. Cada vez mais pessoas têm buscado trabalhar com suas paixões, mesmo tendo um retorno financeiro menor. Eu mesmo frequentemente recebo mensagens de pessoas que estudaram comigo e foram trabalhar em alguma grande empresa, mas hoje estão desmotivadas, querendo saber como fugir disso.

Posso estar sendo idealista, mas eu acredito em um futuro onde o seu trabalho não é definido pelo salário, mas pela quantidade de felicidade e significado que você gera e pelo valor que você agrega para o restante da sociedade.

E, se isso parece uma utopia para você, pense novamente. Todas as civilizações que nos precederam tiveram desafios que pareciam ser impossíveis, mas foram quebrados um a um. Como o grande poeta Oscar Wilde certa vez disse: “progresso nada mais é que a realização de utopias”.

Se quisermos realmente impedir a rotatividade de funcionários dentro de empresas, precisamos repensar o verdadeiro objetivo deles estarem ali. É somente para fazer um trabalho repetitivo que até um macaco faria, ou é para que possam de fato gerar algo útil para eles próprios, para a empresa e para a sociedade?

Agora eu queria saber: você é feliz no seu trabalho? Realiza a sua paixão?

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Iniciei minha primeira empresa aos 17 anos, no ramo de compra e venda de eletrônicos usados. Em 2011, participei da criação do programa Light Recicla, que revolucionou a gestão de resíduos sólidos no país, ajudando milhares de pessoas carentes no RJ e reduzindo a quantidade de desvios ilegais de energia. Em 2013, fui contemplado por uma bolsa de estudos da Ernst Young, a qual me possibilitou realizar missões de consultoria em pequenas empresas e startups na Espanha e Vietnã. Em 2014, fui explorar o potencial do Centro-Oeste brasileiro, me tornando sócio de uma startup de construção civil. O início de 2016 marcou surgimento da Skala Consulting, após os fundadores identificarem uma deficiência crônica na gestão de processos em empresas de todos os tamanhos. ✔ Acesse o site www.danielscott.com.br e o canal Daniel Scott no Youtube, meus espaços educativos que objetivam proporcionar experiências autênticas em gestão, carreira, produtividade e desenvolv. pessoal. ✔ Sou sócio da Skala Consulting, consultoria que fornece análise e perícia na gestão de processos e eficiência operacional para empresas de diversos setores. ✔ Estou ativamente interessado em participar do desenvolvimento de novos negócios e disseminar o conhecimento de empreendedorismo no Brasil e no mundo. ✔ Adoro ajudar pessoas com energia, entusiasmo e vontade de crescer. Me fascina participar do processo de desenvolvimento de empresas.

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