No livro “O Socialismo Libertário”, o anarquista Mikhail Bakunin escreveu: “Tens consciência de que os operários, que produzem todas as riquezas do mundo, que são os criadores da civilização e que conquistaram todas as liberdades burguesas, estão hoje condenados à ignorância e à escravidão?”.
Vamos lá:
1) A Guerra da Independência dos Estados Unidos, também conhecida como Guerra da Revolução Americana ou ainda Revolução Americana de 1776, foi um movimento de ampla base popular que teve como principal motor a burguesia colonial e levou à proclamação, no dia 4 de julho de 1776, da independência das Treze Colônias, que ficariam então conhecidas como Estados Unidos da América – o primeiro país dotado de uma constituição política escrita.
2) A Revolução Inglesa do século XVII – a primeira manifestação de crise do sistema do regime absolutista monárquico – teve início com a Revolução Puritana de 1640 e terminou com a Revolução Gloriosa de 1688. Somadas, elas criaram as condições indispensáveis para a Revolução Industrial do século XVIII, limpando terreno para o avanço do capitalismo, e devem ser consideradas a primeira revolução burguesa da história da Europa, antecipando em 150 anos a Revolução Francesa.
3) Na Revolução Francesa (1789-1799), os membros mais destacados do Terceiro Estado eram burgueses (banqueiros, lojistas, comerciantes, artesãos e outros), e coube ao Terceiro Estado levantar-se contra a opressão do absolutismo de Luís XVI. Foi o Terceiro Estado que proclamou a Assembleia Nacional Constituinte em 9 de julho de 1789 – que restringia profundamente os poderes do rei – e convocou o povo para apoiar o movimento. Foram esses burgueses reunidos que aprovaram, em 26 de agosto do mesmo ano, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que trazia em seu Artigo 1º a seguinte premissa: “Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum”.
De tudo isto se conclui que o discurso de Bakunin e de tantos outros socialistas-comunistas que louvam as “lutas e conquistas dos proletários” é um conjunto de falácias. Mas, incrivelmente, a ideia que foram os “proletários oprimidos” que efetivamente tomaram as rédeas de seus destinos para as conquistas de Direitos, Leis e Liberdades, segue sendo ensinada até hoje.
Nunca foram os “proletários oprimidos”: para o bem ou para o mal, por interesses escusos ou por motivações altruístas, a iniciativa e a responsabilidade pela condução do destino da sociedade sempre coube à burguesia. Os burgueses conquistaram suas próprias liberdades trazendo os “proletários oprimidos” na bagagem, mas estes continuam até hoje reclamando do espaço dentro da mala.