O mito do “socialismo” dos países da Escandinávia – em um sentido mais amplo: Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia, Ilhas Feroe e Islândia – tem sido propagado pelos ideólogos de esquerda como uma “prova irrefutável” dos louros de sua doutrina.
Com uma intensidade quase cômica, se não fosse pelas trágicas consequências interpretativas, este equívoco ganhou o consciente coletivo como um mantra de salvação. “Ei! O socialismo pode dar certo sim! Veja o socialismo econômico da Escandinávia. O que me diz, hein? Hein?”.
Essa argumentação seria ótima se não fosse por um único problema: os países escandinavos não são socialistas. Uma Democracia Social não é o mesmo que um Socialismo Democrático – do mesmo modo que uma “esposa nova” não é o mesmo que uma “nova esposa”.
Nos países escandinavos, como em todas as nações desenvolvidas, os meios de produção pertencem principalmente a INDIVÍDUOS PRIVADOS – não à comunidade ou ao Estado -, e os recursos são alocados segundo sua demanda pelo mercado, e não por um planejamento governamental ou comunitário.
Ainda que seja verdade que os países da Escandinávia ofereçam mecanismos generosos de segurança social e um sistema de saúde mais ou menos público (a exceção é a Dinamarca, onde o sistema público de saúde cobre apenas urgências e emergências, mas o governo permite a aquisição de coberturas adicionais), o Estado de bem-estar praticado pelos escandinavos não é o mesmo que socialismo.
Por exemplo: em 2015, durante uma palestra na Harvard’s Kennedy School of Government, o Primeiro Ministro da Dinamarca – Lars Løkke Rasmussen – fez questão de frisar que seu país NÃO É SOCIALISTA.
Nas palavras de Rasmussen: “Eu sei que algumas pessoas nos EUA associam o Modelo Nórdico a alguma forma de socialismo, então gostaria de deixar uma coisa bem clara: a Dinamarca está longe de ser uma economia socialista planejada. A Dinamarca é uma Economia de Livre Mercado”. De fato, a Dinamarca ocupa a 5ª posição entre os países mais democráticos do mundo e a 9ª posição em termos de Liberdade Econômica.
Os países nórdicos estão entre as nações com maior PIB per capta, expectativa de vida saudável, percepção de liberdade para fazer escolhas de vida e generosidade do mundo – e entre os menos corruptos.
Os Escandinavos desenvolveram um modelo de capitalismo de livre mercado que coexiste com um estado de bem-estar social conhecido como Modelo Nórdico, que inclui várias políticas que os Socialistas Democráticos abominam.
Por exemplo: os Socialistas Democráticos se opõem fortemente ao capitalismo e ao livre comércio global, mas os países escandinavos abraçaram por completo ambos estes conceitos. Segundo a revista The Economist, a Dinamarca, a Noruega e a Suécia estão entre os 10 países mais globalizados do mundo. Estas nações também não determinam, por meio do Estado, uma renda mínima: o salário mínimo é decidido por contratos e negociações coletivas entre sindicados e empregadores, variando segundo a área de atuação, e os trabalhadores têm total liberdade para mudar de atividade ou cidades.
Na Suécia, o sistema de ensino (considerado o TERCEIRO melhor do planeta) permite que as famílias comprem vouchers para financiar a educação de seus filhos em escolas particulares, incluindo escolas administradas por “malvadas” empresas que têm o lucro como objetivo final.
Por estas e outras, fica mais que evidente que os países escandinavos não são arquétipos de sucesso do Socialismo Democrático. Eles são exemplos de sucesso do capitalismo, do livre mercado, da liberdade econômica, da globalização e do Estado mínimo na economia.
Finalmente, para facilitar sua comparação, que tal ver como opera um genuíno Socialismo Democrático? Basta olhar para a Venezuela, cujo sistema político-econômico foi descrito pelos seus próprios líderes como Socialismo do Século XXI.
Ele funciona mais ou menos assim: o Estado controla com punho de ferro os preços da maioria dos bens de consumo, as margens de lucros das empresas, a produção de medicamentos, a repatriação de dividendos de companhias internacionais, a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão de seus cidadãos. Líderes políticos de oposição são encarcerados, manifestações estudantis são rechaçadas com banhos de sangue, e o Poder Executivo comanda todos os demais poderes de Estado.
Em resumo: Socialismo é Estatismo. O Modelo Nórdico não é Estatismo – exceto na cabeça de alguns esquizofrênicos de Esquerda.