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Depois de atender como médico praticamente 7 dias na semana nos últimos 20 anos, aceitei o fato de que você não pode alcançar uma pessoa que não lhe dá atenção. Se o que você está dizendo causa desconforto demais, não adianta ser gentil ou falar de mansinho. Você não será ouvido/ouvida. O outro tem que lhe escutar para entender.
Agora, o pulo do gato: para que alguém lhe escute, primeiro a pessoa tem que ser ouvida. Não funciona ao contrário. Nunca funciona quando você toma a frente: a outra parte tem que perceber primeiro que você está na mesma sintonia e que você a compreende completamente.
Um paciente – vamos chamá-lo de Flávio – veio fazer um check up e conversa vai, conversa vem, reclamou de ansiedade aguda. A causa? Estava tendo problemas no noivado, justamente agora que estava a poucas semanas do casamento. Discutiam o tempo todo e ele não sabia mais o que fazer.
– Eu simplesmente não sei onde está o problema. O que você sugere?
– Comece preparando um jantar em casa.
– Tá, e daí? O que eu digo pra ela?
– Nada. Apenas ouça.
– Ouvir o quê?
– A pessoa do outro lado da mesa.
– E sobre o que deve ser a conversa?
– Sobre nada específico. Apenas pergunte como anda a vida dela. Se está tudo bem, o que ela acha que está acontecendo e o que poderia ser mudado para melhorar as coisas, por exemplo.
– Hum, entendi. E daí?
– Daí nada. Apenas ouça.
– Olha, não sei se eu vou conseguir fazer isso…
– Ótimo. Então você acabou de encontrar a fonte do problema. A partir daí é com você, campeão.