Despedir alguém faz parte do jogo, especialmente quando você tem um cargo de supervisão ou gerência ou é dono do seu próprio negócio. Falar “Você está despedido” pode ser uma das partes mais desagradáveis do trabalho quando a dispensa ocorre por razões puramente financeiras e não por problemas de desempenho.
Todavia, a situação não precisa ser mais constrangedora do que o necessário. Por isso, se você está pensando em despedir um colaborador, aqui vão algumas dicas para reduzir o estresse do cenário:
- ANTECIPE OS SINAIS. Se for da sua índole ou se isso fizer parte da política da empresa, avise ao cidadão que você dará uma última chance para que ele entre nos trilhos. Exceto quando se trata de algo imperdoável – por exemplo: roubo ou assédio -, um aviso é de bom tom e pode colocar as coisas nos eixos e evitar a dispensa.
Estabeleça um prazo (30 a 90 dias) e comunique com objetividade quais parâmetros de desempenho serão aferidos. Se o sujeito não atingir a meta no cronograma, então ele já saberá de antemão o que o espera na próxima vez que for chamado à sua sala.
Entretanto, quando a dispensa está vinculada a um corte de despesas no orçamento, o melhor a fazer é ser direto e despedir sem avisos. Ficar anunciando que “cabeças irão rolar” não aumenta os lucros: isso apenas piora o estresse e a atmosfera do ambiente de trabalho.
- DOCUMENTE. Os aspectos legais podem causar dor de cabeça mais tarde. Documente toda e qualquer infração que você detectar – esses dados serão úteis para balizar sua decisão quando o dia chegar. Não permita que as reprimendas e a documentação das falhas ocorram DEPOIS da dispensa. Faça isso antes.
- SEJA SUAVE. De posse das informações acima, é hora de agir rápido e suavemente. Apesar dos chefes e das empresas terem a fama de serem máquinas geladas sem coração, a realidade é bem diferente. Muitas demissões são adiadas por meses porque a pessoa responsável por informar a dispensa simplesmente não quer passar pelo constrangimento de dar a notícia. Uma vez decidido, seja rápido.
- PLANEJE. Antes de chamar o cidadão para a conversa derradeira, certifique-se de ter cuidado da segurança: bloqueie senhas e acessos a documentos importantes, converse com seu Contador ou RH para verificar pendências, recolha tudo que for de propriedade da empresa (telefones celulares, notebooks, cartão de crédito, etc). Precaução é melhor que arrependimento.
- ESTEJA ACOMPANHADO. Existe sempre a possibilidade do futuro ex-empregado reagir de modo irascível ou acusar você mais tarde de algo que não ocorreu. Ter uma testemunha na sala é uma ferramenta útil para evitar riscos como esse.
- AJA DE MODO BREVE E SUCINTO. Agora não é a hora de papo furado. Aja de modo objetivo, breve e sucinto. Pese cada palavra para que sua fala seja curta e informativa. Explicações e justificativas podem ser desejáveis, mas não são necessárias. Diga simplesmente: “Chamei você aqui hoje porque estamos lhe dispensando. Seu último pagamento será depositado na data habitual. Você tem alguma pergunta?”. Isso pode parecer frio e impessoal, mas, francamente, é assim que tem que ser. Termine a reunião oferecendo um aperto de mãos e pronto. Se o sujeito recusar, problema dele.
- DEIXE AS EMOÇÕES DE FORA. Sim, você irá se sentir mal por dar a notícia. Essa é a natureza humana. Infelizmente, você não pode demonstrar isso. Pedir desculpas apenas enfraquece sua posição e sua decisão, facilitando toda espécie de argumentação por parte do outro. Deixe para se lamentar por alguma emoção mais tarde, quando estiver sozinho.
- RESPEITO ACIMA DE TUDO. A demissão deve ser comunicada com respeito e civilidade. Mesmo que a culpa seja do outro, e mesmo que ele saiba disso com clareza, a experiência sempre é humilhante e vergonhosa. A última coisa que você deve fazer é piorar a situação com demonstrações de arrogância ou raiva. Mantenha a voz calma e firme, e sob nenhuma circunstância revide qualquer forma de agressão. Seja magnânimo e estoico. Não é nada pessoal: são apenas negócios.