Um homem muito, muito rico partiu em uma viagem de auto-descobrimento. Pessoas insanamente ricas, mas minimamente inteligentes, gostam de coisas assim.
Pra falar a verdade, você não precisa nem ser insanamente rico para apreciar algo desse naipe.
Enfim, o magnata traçou metodicamente sua viagem em um país distante e, lá chegando, após alguns dias de caminhada, ficou sabendo de um eremita considerado o Homem Mais Sábio da Terra pela população local.
Uma vez que o local da cabana do eremita não fugia muito do traçado original de sua viagem, ele decidiu ceder à curiosidade e apareceu para uma visita rápida.
– Olá! – disse o milionário, com um sorriso confiante.
– Olá! – respondeu o eremita.
– Você provavelmente não sabe quem eu sou, mas vim de muito longe para encontrá-lo.
– Verdade? E quem é você?
– Eu sou um homem insanamente rico. Tenho empresas, indústrias, iates, casas, motos, carros esportivos, quadros caríssimos…
– Oh, que da hora! – disse o eremita, com interesse genuíno. – E você os trouxe todos consigo?
– Não, não mesmo. Vim até ao seu país em uma aventura, mas estou por aqui só de passagem.
– Hum. – concluiu o eremita, encerrando a conversa.
Só de passagem. Isso resumiria a viagem. Portanto, economize seu tempo. Não se apegue demais às coisas. Veja o que você tem como algo que lhe foi transferido apenas provisoriamente – sabendo que tudo pode ser tomado de você a qualquer momento. E será, um dia.
“Se pudéssemos ser ruidosos ao ponto de nos imaginarmos rindo, riríamos sem dúvida de nos julgarmos vivos“, disse Fernando Pessoa na Floresta do Alheamento. Erga-se e faça sua mochila leve. Ame. Viaje o mais longe que puder. Sorria. E viva o máximo desse jeito.