Afrodite, conhecida pelos romanos como Vênus, era a mais linda de todas as deusas. Segundo o mito mais aceito, descrito por Homero, Afrodite era filha de Zeus com Dione, uma ninfa do oceano.
Por meio de um artifício de Hefesto, deus do fogo e filho rejeitado de Hera, Afrodite foi desposada por ele, mas não tiveram filhos. Após vários dissabores, Afrodite terminou traindo Hefesto com Ares, deus da Guerra e único filho de Zeus com Hera. Afrodite e Ares tiveram um romance duradouro e três filhos: uma filha chamada Harmonia, e dois filhos, Deimos (terror) e Fobos (medo), que acompanhavam o pai em suas batalhas. O relacionamento de Afrodite com Ares representa a união das duas paixões humanas mais incontroláveis: o amor e a guerra.
Afrodite também se relacionou com vários outros homens mortais e deuses, dentre eles Hermes (mensageiro dos deuses), com quem teve um filho bissexual, Hemafrodito, que herdou a beleza e as características sexuais de ambos.
AFRODITE: A DEUSA DO AMOR
O arquétipo Afrodite caracteriza-se como paixão, beleza e sexualidade, impulsionando o poder criativo e procriativo nas mulheres.
A mulher-Afrodite tem sex appeal, ela exerce um magnetismo intenso e natural. Em sociedades judaico-cristãs – e em outras culturas ostensivamente patriarcais e preconceituosas -, uma mulher-Afrodite costuma ser considerada uma vilã, uma vadia ou uma prostituta pelo seu poder de sedução e sensualidade exuberante.
O arquétipo pode vir à tona de duas maneiras: de um modo súbito, avassalador e independente, ou como consequência de um relacionamento íntimo. Em todo caso, Afrodite representa a força por trás da preservação da espécie: ao contrário de uma mulher-Deméter, que faz sexo porque deseja ter filhos, uma mulher-Afrodite tem filhos como consequência de seu desejo profundo por um homem e pela experiência do envolvimento romântico e sexual. É o arquétipo Afrodite que sussurra: “não tome a pílula, isso significaria trair a espontaneidade da paixão!”.
Afrodite é uma imensa força de transformação. Seu fluxo de atração, união, fertilização, gestação e nascimento pode resultar tanto em uma nova vida (um bebê) como criações artísticas. A paixão pelo processo criativo pode levar a mulher a ter um filho depois do outro ou a se envolver em projetos um depois do outro – ou ambas situações, juntas e misturadas. Uma mulher-Afrodite segue o que quer que a fascine e pode levar uma vida bem pouco convencional.
Quando Afrodite é um traço marcante em uma mulher sem maiores atrativos físicos, os homens não a notam imediatamente. Todavia, aqueles que se aproximam logo a acham interessante e charmosa. Uma mulher-Afrodite parece sempre ter vários homens em sua vida, orbitando seu magnetismo, e isso faz com que muitas mulheres lindas, mas sem o arquétipo bem desenvolvido, olhem para a mulher-Afrodite (não tão linda como elas) e se perguntem: “Afinal, o que ela tem que eu não tenho?”.
A MULHER-AFRODITE E SEUS PAIS
Alguns pais e mães criam suas filhas para serem pequenas Afrodites, enfatizando continuamente sua beldade, inscrevendo-as em concursos de beleza e focando na feminilidade atraente acima de quaisquer outros atributos e habilidades.
Contudo, quando a menina atinge a puberdade e começa a demonstrar interesse sexual, o comportamento dos pais muda. O pai, especialmente, reage criando inadvertida ou inconscientemente conflitos para promover um distanciamento físico e emocional de sua filha. Ele pode se tornar excessivamente controlador ou intrusivo.
A mãe, por sua vez, testemunhando o desabrochar de sua adolescente-Afrodite, também pode reagir com excesso, impondo normas sobre como se vestir e comportar adequadamente, e proibindo um sem número de atividades. Ainda assim, a mãe anseia por saber de todos os detalhes da vida da filha-Afrodite. Em outros casos, a mãe pode reagir de modo competitivo, resistindo ao crescimento do poder de atração da filha sobre os outros homens, invejando sua juventude e depreciando-a como mecanismo de defesa.
Para mães e pais, qualquer homem se torna um “maniaco sexual em potencial” e ambos passam a atuar como carcereiros da “virgindade” da filha.
Em um cenário ideal, os pais de uma jovem mulher-Afrodite não supervalorizam suas qualidades e não a tratam apenas como um objeto bonito para ser admirado. Eles também enfatizam sua inteligência, gentileza e talento para arte, oferecendo conselhos sensatos e práticos, ampliando os interesses e promovendo equilíbrio do arquétipo. Infelizmente, esse não é o padrão da maioria dos casos.
DILEMAS, RELACIONAMENTO E SEXO
Afrodite costuma manifestar-se ainda na infância. Ela é a menina extrovertida que gosta de chamar atenção com roupas e performances formosas. Por volta dos oito ou nove anos de idade, ela quer crescer logo, quer vestir-se de modo mais estiloso e usar maquiagens. Para desespero dos pais, demonstra um enorme interesse por meninos, espalhando cartazes de seus ídolos pelo quarto.
Durante a juventude, a mulher-Afrodite recebe pouca ajuda sobre como lidar com a prevalência deste arquétipo. Na tentativa de se adaptar ao mundo patriarcal e suprimir seus instintos, algumas meninas-Afrodite buscam frear o arquétipo unindo-se voluntariamente a algum grupo religioso – e submetendo-se às suas normas restritivas. O resultado é uma repressão brutal do arquétipo e o desenvolvimento de sentimentos de culpa que serão difíceis de serem corrigidos no futuro. Outras poderão dar vazão ao arquétipo por meio de relacionamentos sexuais estáveis e longos, mas de início precoce.
A mulher-Afrodite pode gerar grande desconfiança em outras mulheres, especialmente naquelas com predomínio do arquétipo de Hera. Quanto menos consciente do seu efeito sobre os homens, mais perturbadora ela é. Por exemplo: a mulher-Afrodite vai a uma festa e se envolve em conversas eróticas intensas com os homens mais interessantes do lugar, provocando reações de inveja, perda e inferioridade nas outras mulheres, que testemunham assombradas sua desenvoltura animada no jogo da sedução.
Quando outra mulher – especialmente uma com o espírito possessivo e vingativo de Hera – se irrita com ela, a mulher-Afrodite costuma mostrar-se chocada. Ela raramente compreende o motivo da hostilidade, pois ela mesma não é possessiva ou vingativa.
A mulher-Afrodite costuma ter várias amigas mulheres (nenhuma delas uma mulher-Hera) e amigos que curtem sua espontaneidade atraente, mas essas amizades só irão durar se estas pessoas não levarem sua personalidade sedutora para o lado pessoal.
A mulher-Afrodite gosta de crianças e vice-versa. Ele é capaz de inspirar um senso de confiança e encantamento que faz a criança sentir-se instantaneamente especial, e isso pode ser utilizado para desenvolver habilidades e talentos. Contudo, se esta mulher não tiver um lado Deméter bem construído, sua inconstância a tornará incapaz de levar em consideração a segurança emocional da criança, com consequências bem negativas sobre o desenvolvimento infantil.
Os filhos de uma mulher-Afrodite sentem-se maravilhados quando recebem sua atenção total em um determinado momento, mas logo se prostram desolados quando a atenção da mãe se volta absolutamente para outra coisa.
Em se tratando de um menino, o arquétipo mãe-Afrodite afetará o futuro do menino em seus relacionamentos com outras mulheres: a mãe criará um laço especial de intimidade entre ela e o filho, seduzindo o homem nascente dentro dele, mas ele se desapontará ao vê-la abandonando-o sem pestanejar para envolver-se com algum outro interesse. Este rival de sua atenção – que pode ser outro homem ou alguma atividade que a fascina – levará a mãe embora (ainda que temporariamente), deixando-o com um sentimento de impotência, raiva e humilhação.
O filho de uma mulher-Afrodite sente-se perdendo sempre – uma emoção da qual as filhas quase sempre são poupadas. Uma vez crescido, anseia recuperar a intensidade e a percepção de ser especial que sentiu um dia com sua mãe, mas desta vez ele deseja estar no controle. Baseado nas experiências de sua infância, ele desconfia da lealdade das mulheres e sente-se incapaz de manter a afeição delas.
O envelhecimento pode ser devastador para uma mulher-Afrodite. Sentir-se atraente sempre foi o carro-chefe de sua satisfação. Ela se tornará insatisfeita com seu(s) parceiro(s) e tende a pensar que talvez seja hora de sossegar e encontrar alguém mais convencional e confiável. Um modo de reter o entusiasmo e o interesse em si pode ser envolver-se com artes e outras formas de expressão – e esta é uma saída bem comum para mulheres-Afrodite na meia idade.
Uma mulher-Afrodite é extrovertida e traz um elemento de furiosa luxúria em sua personalidade. Ela vive o presente e faz planos com grande entusiasmo, com interesse genuíno em realizá-los. Contudo, quando chega o momento de concretizar o que foi planejado, sua atenção tende a estar em algum outro lugar. Não surpreende observar que uma mulher-Afrodite em geral não coleciona grandes conquistas acadêmicas ou profissionais.
Afrodite gosta de homens, de sua companhia e do interesse que desperta neles, mas termina envolvendo-se em relacionamentos superficiais, alguns exploratórios, que vão minando aos poucos sua autoestima. Quando é criada em uma atmosfera que condena a sexualidade feminina, ela pode se tornar deprimida e ansiosa.
O arquétipo Afrodite não é um fardo leve. A sexualidade instintiva coloca esta mulher entre dois pólos: de um lado, sua vontade de conexão sexual e de gerar energia sexual em outras pessoas; do outro lado, uma cultura que considera esse tipo de comportamento promíscuo e o condena sem misericórdia.
O desafio consiste em saber como conter o impulso Afrodite em certas circunstâncias e como responder a ele em outras. Afrodite tem que saber quando, como e com quem se manifestar. Seu padrão de comportamento impulsivo causa sofrimento em muitas pessoas e ela deve aprender a resistir à tirania do “aqui, agora!”.
AFRODITE E OS HOMENS
A típica mulher-Afrodite orbita homens que não são necessariamente bons para ou com elas. A menos que outras deusas exerçam sua influência, Afrodite escolherá homens semelhantes a ela: criativos, complexos, emocionais e temperamentais, como Hefesto, Ares e Hermes. Estes homens não querem saber de uma vida doméstica e monótona.
O intenso e introvertido Hefesto tem uma raiva reprimida que ele sublima em seu trabalho criativo. Assim como Afrodite, Hefesto tem um relacionamento bem ruim com seus pais – ele tem um sentimento de rejeição por parte da mãe e pode ter eliminado por completo seu vínculo emocional como pai. Consequentemente, homens-Hefesto possuem uma relação de inferioridade com outros homens, e de amor e ódio com as mulheres. Eles são atraídos pelo poder sedutor de Afrodite, com quem se conectam de modo apaixonado. Afrodite, por sua vez, desperta a natureza erótica adormecida de Hefesto, e ambos vivem um tórrido caso de amor.
O problema entre a mulher-Afrodite e o homem-Hefesto pode surgir a partir da natureza paranoica deste último. Inseguro, orgulhoso, solitário e hostil, Hefesto pode conseguir manter seu ciúme sob controle, extravasando sua fúria por meio do trabalho, e talvez esta seja a chance de sucesso do relacionamento Afrodite-Hefesto. O deus do fogo é apaixonado, mas não possessivo, e isto pode fornecer a Afrodite um terreno sólido para seus arroubos.
Outro homem tipicamente atraído por uma mulher-Afrodite é o volátil Ares, o deus da guerra. A história real do homem-Ares pode lembrar bastante a história do Ares mitológico: abandonado pelo pai, Ares foi criado por sua mãe amarga, transformando-o em um homem emocional, apaixonado e cheio de traços de “super-macho”. Com a ausência de uma figura paterna em quem se espelhar, e acostumado a fazer prevalecer sua vontade junto à mãe, Ares é impaciente e não lida bem com a frustração. Ele gosta de estar no comando, mas costuma perder a cabeça quando contrariado – o que faz dele um péssimo líder.
A combinação Afrodite-Ares é uma mistura inflamável. Ambos tem a tendência para viver intensamente o presente; são imediatistas reativos ao invés de reflexivos. A interação é profundamente erótica, cheia de amor e guerra. É o típico casal que gosta de brigar para depois fazer as pazes apaixonadamente, mas o relacionamento costuma ser instável e economicamente desastroso. A tendência de Afrodite para infidelidade ameaça a masculinidade de Ares e dispara sua possessividade, podendo torná-lo violento e trágico. A única maneira de um matrimônio deste funcionar será se a mulher-Afrodite desenvolver em si um pouco mais da deusa Hera.
Um homem que age como um eterno jovem também costuma atrair mulheres-Afrodite. Elas tem uma queda especial por homens imaturos, complexos, egocentrados e com potencial criativo. Esses homens exibem um forte arquétipo de Mercúrio, o mensageiro dos deuses: eles possuem grande facilidade com as palavras, são poéticos, divertidos, cheios de energia e transitam facilmente entre os extremos de emoções.
A combinação mulher-Afrodite e homem-Mercúrio pode dar certo, uma vez que ambos compartilham uma intensidade pelo momento e pouca afinidade pelo compromisso. Entretanto, se a mulher-Afrodite possuir um componente significativo de Hera, este será um relacionamento doloroso para ela. O vínculo emocional será forte e ela será atormentada pelo ciúme. A sexualidade será intensa e ela desejará a exclusividade – algo que um homem-Mercúrio jovem tem dificuldade em oferecer. Com a maturidade, é possível que este homem termine aceitando o compromisso e o relacionamento entre ambos vicejará com grande intensidade.
De um modo geral, a sexualidade e a paixão volátil do arquétipo Afrodite torna difícil para esta mulher assumir relacionamentos monogâmicos. A menos que outras deusas exerçam sua influência, a mulher-Afrodite tende a colecionar relacionamentos em série – e os homens em sua vida se tornam meras casualidades. Afrodite deixa atrás de si um rastro de corações feridos, rejeitados, deprimidos ou raivosos por terem sido descartados sem cerimônia.
Para mudar esse padrão de inconstâncias, a mulher-Afrodite deve aprender a amar alguém que é um ser humano completo, com virtudes e falhas, e desistir da busca por um deus perfeito imaginário. Ela deve incorporar suas experiências e abandonar o encantamento pela vistosidade rasa – só assim se tornará capaz de aceitar as deficiências em seu parceiro e em si mesma, descortinando de uma vez por todas as dimensões do amor humano.
O poder de Afrodite em se fazer amada pode ser destrutivo. Ela pode despertar um amor para o qual dará uma reciprocidade intensa e curta demais, ou criará paixões ilícitas, conflituosas, atormentadoras ou humilhantes.
Felizmente, o conhecimento liberta: quando uma mulher se torna consciente dos padrões de Afrodite, ela ganha o entendimento necessário para alterar seu curso tempestuoso, evitando as consequências danosas e fazendo escolhas que produzam um futuro mais pleno e satisfatório. Se o homem ao seu lado estiver disposto,
Se você é parceiro de uma mulher-Afrodite ou tem interesse em fazer esta deusa despertar em sua companheira, saiba que fazer parte do processo de esclarecimento dela será um papel exaustivo, mas também representará uma chance de crescimento com recompensas maravilhosas.
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1 – A Mulher-Atena
2 – A Mulher-Ártemis
5 – A Mulher-Deméter
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