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Uma coisa bastante comum à mentalidade masculina é a necessidade de um Sistema de Princípios onde basear sua identidade. Quase todos os homens que conheço estão buscando este Sistema – seja para encontrá-lo, seja para aprimorá-lo –, pois tanto o Sistema como o modo como os homens o buscam assinalam o valor que o homem enxerga em si diante do mundo.
Não raramente, os homens conferem mais importância a estes Sistemas de Princípios que à própria vida – vide os heróis anônimos do dia a dia, homens que enfrentam riscos de morte para salvar crianças de quedas, mulheres de incêndios, animais de afogamento, etc.
Todavia, com a sociedade emasculadora mordendo seus calcanhares e sufocando sua atmosfera, muitos homens passaram a se resignar em Sistemas medíocres e acreditar que possuem propósitos medíocres neste mundo e vice-versa. Eles chegam ao cúmulo de pedir desculpas por terem nascido homens – e acham que assim estão lapidando seus Sistemas.
Outros decidiram reagir ao processo de “desvirilização” vestindo máscaras com imagem do Rei, do Guerreiro, do Amante ou do Herói. Neste caso, o método de aferição está na legitimação feminina. Eles acreditam que este selo de “autenticação” de suas qualidades atesta que adotaram o melhor Sistema possível.
De fato, entre a puberdade e a meia-idade, as mulheres tendem a escolher para seus relacionamentos românticos homens que demonstram realização, poder e status. Não é exatamente culpa das mulheres: foi assim que a Natureza programou nossa espécie e é assim que as mulheres agem para reduzir o medo que possuem. Para sobreviverem à insegurança do mundo, as mulheres procuram parceiros que sejam (ou pelo menos vendam a imagem de ser) heróis amorosos, inteligentes e poderosos. E alguns homens adotam estes padrões como Princípios.
Assim, á noite na cama ou de manhã à mesa do café, quando um homem comenta com sua esposa ou namorada sobre seus “feitos” no trabalho ou na partida de futebol com os amigos, ou sobre o modo como consertou um ameaçador vazamento de água na cozinha ou trocou uma perigosa resistência no chuveiro, o que ele está fazendo é tentando sintonizar a noção de valor de sua identidade pessoal com as expectativas de valores que sua mulher projeta nele. É desta maneira que procuramos nos “apresentar” como reis, guerreiros, amantes ou heróis, e estreitar nossos laços afetivos com nossas parceiras.
Como nem sempre a linguagem é compreendida adequadamente, saímos novamente em busca de outros contextos para construir nossos Sistemas: graças aos efeitos de “agressividade” da testosterona, o “sistema de princípios” dos homens costuma precisar de mais espaço que o lar oferece. Um bom Sistema demanda hierarquia por força, planejamento objetivo, desafios, missões e confrontos. A testosterona faz o homem desejar uma tribo à qual se unir e com quem realizar conquistas – não necessariamente conquistas românticas, mas conquistas em um sentido mais amplo. Conquistar valor, elogios, apreciação, reconhecimento. E pouca coisa disso está disponível no ambiente doméstico restrito de sua casa.
Porém, aventurar-se nesta busca pode soar como um alerta de indiferença em sua parceira (“Você vai jogar bola com seus amigos de novo??”). Ela não entende as prioridades de seu Sistema. Também, quando foi que você parou para explicar isso tudo isso tim-tim por tim-tim? Agora aguente.