Se a família é a unidade básica da sociedade, a gangue é a unidade social básica dos homens. Os chimpanzés, nossos parentes nem tão distantes, se organizam em gangues só de indivíduos machos que patrulham o perímetro do território e expulsam competidores. Os antropólogos descobriram que ancestrais humanos faziam algo similar, caçando e lutando em bandos.
A gangue de homens – vamos chamá-la de Pelotão – é uma sociedade exclusiva de machos unidos por fortes laços de valores. Espera-se que cada membro do pelotão obedeça a um determinado código de conduta: aqueles que excedem os padrões recebem homenagens; os que não alcançam padrões mínimos ou mostram desdém ou indiferença com o código, são punidos e, muitas vezes, excluídos do bando.
Grupos de honra nascem de competições inter e intrapessoais: o pelotão irá testar as habilidades e forças de seus associados por meio de competições com outros pelotões, ao mesmo tempo em que os homens dentro do pelotão competirão entre si por status e reconhecimento. Estas duas esferas completam-se e alimentam-se mutuamente. Quando mais competitivo, mais forte se torna o bando.
Pelotões não são governados por homens, mas por Respeito e Honra. Respeito ao código e respeito pelos seus irmãos. Quanto à honra, ela não significa honestidade com seus valores individuais (isso se chama Integridade), mas a busca por uma reputação de valor e admiração aos olhos dos seus pares.
A ideia de que devemos considerar o julgamento de terceiros para assegurar nossa própria masculinidade vai de encontro à atitude hiper-individualista da modernidade. É comum ouvirmos coisas como “Um homem de verdade não se importa com o que qualquer pessoa pensa dele”, ou “Um homem de verdade não precisa que outra diga que ele é macho”, ou ainda “Ser homem significa fazer o que quer que você queira fazer”. As pessoas que dizem coisas assim não compreendem que estão defendendo um conceito de masculinidade completamente contrário aos códigos mais antigos que conhecemos.
A Masculinidade SEMPRE foi conquistada, nunca dada, oferecida ou autoproclamada. Assim como dar para si mesmo uma medalha de ouro não tem qualquer valor, dizer-se “Homem” não carrega significado algum. Para que a Masculinidade realmente signifique algo, outros devem reconhecê-la em você.
Mas o que fazer quando você não respeita a opinião dos homens na sua sociedade? Quando você não os tem por iguais, não compartilha os mesmos padrões de atitude, não reconhece neles sinais de Respeito e Honra? Os antigos romanos enfrentaram este problema quando seu vasto império começou a ruir e a decadência apoderou-se de sua sociedade. A solução dos Estoicos foi tornarem-se impermeáveis ao julgamento dos outros. Eles fecharam-se em si mesmos. Apesar de haver alguma sabedoria nisso, esta não é uma solução absoluta e existem dois graves problemas nela.
Primeiro, tornar você mesmo o único juiz de suas ações é uma receita para o narcisismo e a mediocridade. A Honra pode nascer como uma convicção interna de valor, mas então você deve apresentar estes valores ao Pelotão e conferir se eles traduzem realmente padrões éticos elevados. Seus companheiros de bando servem de espelho para o seu Ego e representam um teste de fogo para o seu orgulho. A validação deles atua como um filtro, impedindo a progressão de falsas pretensões.
Sem este sistema de checagem, os homens se tornariam como Narciso, absortos em si mesmos e deslumbrados com seu próprio reflexo o dia inteiro. Um grupo de honra facilita a oferta e o recebimento de validações honestas – e através da resposta do Pelotão, você enxerga com mais clareza onde deve melhorar.
Segundo, retirar-se progressivamente do convívio social pode levar ao isolamento completo, e isto é psicologicamente devastador. Ainda carregamos essa programação genética para a sociabilização. Homens, em especial, necessitam do bando. Pertencer a uma tribo aumenta a resiliência para dor e para o estresse.
Ter um bando cuja opinião é importante para você, um bando que você não quer decepcionar, lhe força a ser mais. E a competição por status dentro do grupo lhe motiva para ser o máximo possível. Apenas Homens de valor, honra e respeito podem forjar outros homens com valor, honra e respeito – porque, no final das contas, apenas o aço pode forjar o aço.
Por isso, recomendo fortemente que você se una a um pelotão de Homens de valor. Que você viva seu código com integridade e estabeleça dentro de seu Pelotão padrões elevados de altruísmo, ambição, coragem, força e resiliência.
Ainda não tem um Pelotão? Sem problema. Você é um Homem. Mexa-se e construa um!