Você vê uma garota em uma balada e ela mexe com você. Rola um papo, amassos são opcionais, e no final da noite vocês trocam números de celular, seguindo seus caminhos separados.
No outro dia de manhã, aliviando a bexiga naquela mijada de 10 minutos e 5 litros, você se flagra pensando: “putz, quero ver aquela delícia de novo”. E aí, brother, você liga ou manda uma mensagem?
Até alguns séculos atrás, iniciar um contato era uma das coisas mais simples do mundo. Você simplesmente se dirigia à casa da senhorita, deixava um cartão de visitas e aguardava por um sinal de interesse dela – que em geral era um bilhete ou uma carta convidando você para um chá.
Mesmo na década de 1980 – e até meados da década de 1990 -, bastaria ligar para ela e chamá-la para sair. Mas aí veio o “mardito” do progresso para confundir as coisas. Bastou a gente descobrir a resposta e a tecnologia, essa malandra fdp, mudou a pergunta.
Hoje, em uma estimativa bastante modesta, calcula-se que seja feita uma ligação telefônica convencional para cada centenas de milhares de zilhões de mensagens trocadas. A viabilidade de um sms ou um zap mudou nossa atitude e, o que há um tempo era considerado impróprio, tornou-se o modo preferível de contato.
Apesar de uma ligação telefônica parecer uma espécie de mamífero raro condenado à extinção, ela ainda não morreu. E isso deixa você, aspirante a galã, em um território algumas vezes difícil, um limbo onde enviar uma mensagem pode parecer uma fraqueza moderninha, e ligar no celular dela pode soar como insegurança ou invasão de privacidade.
OS PRÓS DE LIGAR
Quando comparados a homens com mais de 30 anos de idade, os homens com menos de 30 anos possuem uma probabilidade 4 vezes maior de chamar uma mulher para sair via mensagem de texto. Mas ligar no celular dela passa uma imagem de bravura e autoconfiança. Pode parecer ridículo – e é ridículo -, mas é assim que a mente funciona. Se você não concorda, vá reclamar com o fabricante.
Ligar exige muito mais dos seus nervos. Por milhares e milhares de anos, as mulheres sempre preferiram homens com nervos de aço, destemidos, capazes de tomar a iniciativa – especialmente no que diz respeito ao flerte. Então, quando você se dispõe a falar com ela pelo telefone, você desperta uma forma primitiva – e bastante atraente – de masculinidade.
Ligar também é mais educado, pessoal, facilita a criação de vínculos e ajuda a separar você do bando. Se ela é gata e gostosa e foi capaz de forçar seus testículos a produzirem um volume extra de testosterona, certamente este efeito também foi sentido por outros machos – que enviam mensagens para ela, o dia inteiro, dezenas e dezenas de mensagens. Colocar-se ao fone ao vivo e em cores cria um diferencial de peso e deixa-a familiarizada e confortável com o som da sua voz.
OS CONTRAS DE LIGAR
Vamos ser francos: pode ser uma merda. Hoje, uma ligação telefônica provoca um misto de ansiedade e irritação tanto em homens quanto em mulheres. De certo modo, é compreensível: uma ligação coloca duas pessoas cara a cara. É preciso responder em tempo real, não dá pra ficar consultando o Google ou a Wikipedia. E você fica à mercê daquelas tiradas imbecis que seu cérebro oferece de vez em quando. Se você não está acostumado a falar ao telefone, as chances de uma mancada triplicam.
Estamos tão acostumados a ter tempo para responder uma mensagem de texto que a necessidade imperiosa de ter que responder algo ali, debaixo do foco da atenção imediata de outra pessoa e tão fora do ritmo de resposta a que você ou ela estão acostumados, pode tornar uma ligação telefônica um tanto invasiva ou agressiva.
Finalmente, a raridade de uma ligação pode ser mal interpretada. O telefone toca e você pensa logo numa emergência, uma tragédia, morte na família, invasão de alienígenas… qualquer coisa. Ela pode estranhar o fato de você estar ligando – “Putz, achei que ele era legal, mas é mais um psicopata desesperado…”. Quando você liga, você conta com o fato de que será atendido. E se ela não te atender depois da quadragésima terceira vez?
OS PRÓS DE MANDAR MENSAGEM
Apertar umas teclas não altera os nervos, consome menos energia, é fácil e prático. Um sms ou zap dá a você a chance de ser criativo e inteligente de um modo planejado.
Além disso, a mensagem de texto permite que ambos se sintam confortáveis em sua intimidade, respeita o ritmo de resposta dela, dá tempo para que ela organize as ideias (hein? Uma mulher organizar as ideias? Sei…) e, caso ela dispense você, permite que ela faça isso sem bater um telefone na sua cara.
OS CONTRAS DE MANDAR MENSAGEM
Até propagandas de “aumente seu pênis agora” e “pai oxum de Borogodó traz seu marido de volta e tira nome do SPC” vêm em mensagem de texto. É genérico, impessoal, não traduz qualquer sentido de valorização ou pegada.
Ela não vai saber – ou pior: VAI saber – se você está apenas jogando um papo ctrl-C + Ctrl-V pra ver o que retorna na rede. E ela pode achar que você é tímido, inseguro.
Ademais, mensagens de texto são mestres em provocar desentendimentos – a interpretação termina sendo sempre uma tarefa de quem lê. Não existe entonação de voz ali, ou linguagem corporal, ou expressões faciais. Em uma ligação telefônica, uma pausa em silêncio pode ter um grande significado e passar uma mensagem sensacional. Você não vai encontrar esse recurso na tela do seu celular. Em um texto, o humor, o sarcasmo, as pontuações e os erros de português podem ser lidos de um modo completamente equivocado e destruir seu jogo.
CONCLUINDO, RECOMENDARIA QUE…
Deu pra entender que tanto uma mensagem quanto uma ligação têm lados positivos e negativos? Ok. Eu preferia que você tivesse entendido sem dar. (Tá vendo como a escrita pode ser uma bosta?)
Para os cavalheiros da escola clássica, pode parecer fácil descartar as mensagens de texto como uma tecnologia de moleques com cheiro de mijo que não têm culhões para a coisa. E eles estão parcialmente certos: se vamos falar sobre demonstrações de virilidade, iniciativa e coragem, uma ligação ganha de goleada de uma mensagem.
Entretanto, se formos observar do ângulo da civilidade, aí pegou. Uma ligação é algo pessoal, mas também invasiva. A contraparte deve deixar de fazer o que quer que esteja fazendo pra ir lá atender você – e sabe lá se é isso que ela mais queria fazer naquele exato momento? De um certo modo, um sms ou um zap é um modo mais civilizado de contato, aliviando a pressão da resposta.
Eu diria que você deve ligar para ela se:
- Ela tem mais de 30 anos de idade.
- Você tem uma voz boa, agradável, envolvente.
- Você se sente confiante falando ao telefone.
- Ela tem aquele ar mais conservador de quem gosta de abordagens do tipo clássico.
- Você acha que conversando ao telefone poderia deixá-la mais à vontade com você.
E envie uma mensagem de texto se:
- Ela tem menos de 30 anos de idade;
- Sua voz é um misto de pato rouco com Bob Esponja.
- Você é tímido para falar ao telefone.
- ELA é tímida e provavelmente preferiria receber uma mensagem
Se você ainda está na dúvida, então LIGUE para ela. Se não for por nada, ou por pior que role a conversa, pelo menos você deixará uma impressão de decisão e ousadia – e isso é sempre um bom começo.