Os conceitos mais nobres de Masculinidade sempre tentaram lhe convencer de que homens são animais fortes, estoicos, resistentes. Que estamos aqui para proteger crianças e mulheres dos perigos do mundo. E sim, estes conceitos estão certos, mas é preciso que você lide com eles com consciência.
Um artigo publicado no British Medical Journal fez boas considerações sobre a natureza da versão masculina de nossa espécie. Segundo o psiquiatra britânico Sebastian Kraemer, autor do estudo, o macho humano é, na maioria das aferições, mais vulnerável que a fêmea.
Parte desta constatação está na maior fragilidade do feto do sexo masculino – ainda que isto ainda não esteja completamente entendido. A outra parte está no conceito de que “meninos devem ser mais resilientes que as meninas” – uma atitude que adiciona riscos sociais ao risco biológico prévio.
Batalhando para nascer e crescer
Em nossa espécie, no momento da concepção, existem mais embriões machos que fêmeas por um motivo bem simples: o espermatozoide carreador do cromossomo Y nada mais rápido que aqueles portadores de cromossomos X. Mas a pole position dos machos é rapidamente desafiada por outros fatores.
O estresse materno repercute de forma pior sobre os embriões masculinos, igualando as proporções ainda dentro do útero. E então as coisas pioram: o feto masculino apresenta um risco maior de morte por todas as catástrofes obstétricas conhecidas. Lesões cerebrais perinatais, paralisia cerebral, má-formações congênitas, parto prematuro e natimortos apresentam uma incidência maior entre os fetos masculinos. O cérebro masculino é mais pesado, tem um hipotálamo maior – provavelmente em decorrência da produção da testosterona a partir do terceiro trimestre de gestação, que também produz uma maior massa muscular no feto masculino.
A soma desses fatores produz um resultado facilmente perceptível: apesar do maior índice de fecundação por cromossomos Y, a proporção de nascidos vivos é de 105 meninos para cada 100 meninas. E, ao nascimento, os meninos em geral apresentam um desenvolvimento algumas semanas menor que as meninas: uma menina recém-nascida equivale a um menino de 4 a 6 semanas de vida.
Se os bebês masculinos são menos “maduros” que as meninas, então eles provavelmente necessitam de uma atenção maior – e é pesquisas mostraram que isto ocorre. Bebês humanos machos são emocionalmente mais reativos, demonstram afeto e desconforto de modo mais incisivo, têm um foco maior na mãe, e demandam mais contato que os bebês femininos – estes, por sua vez, demonstram maior curiosidade por objetos, tem um interesse mais constante e regulam melhor seus estados emocionais.
O cuidado de bebês masculinos em geral é mais difícil e, por isso mesmo, tem uma chance maior de dar errado.
Cultura, educação e doenças
Problemas de desenvolvimento – em especial dificuldades para leitura e fala, hiperatividade e autismo em seus diversos espectros – são 3 a 4 vezes mais comuns em meninos em relação às meninas, ainda que as meninas, quando afetadas pelos mesmos distúrbios, apresentem quadros mais severos.
Transtornos oposicionais e de conduta são pelo menos duas vezes mais comuns entre os meninos. Fatores genéticos tem sua responsabilidade, mas nem todos estes distúrbios parecem apresentar componentes genéticos fortemente ligados ao sexo. Entretanto, alguns pesquisadores propuseram que o cromossomo X de fato carrega consigo uma parcela considerável da responsabilidade: em indivíduos com síndrome de Turner, aqueles que herdaram o cromossomo X de suas mães apresentam uma incidência significativamente maior de hiperatividade e déficit de atenção, e menor expressividade social e emocional, que aqueles que herdaram cromossomos X de seus pais.
As expectativas sobre a masculinidade formatam a experiência dos meninos à medida que eles crescem. Os meninos devem ser “invulneráveis” e qualquer sinal de sensibilidade tende a ser interpretado como manifestação de fraqueza. Esta não costuma ser uma estratégia muito segura.
A falta de uma boa regulação motora e cognitiva leva a um excesso de acidentes fatais e não-fatais entre os meninos. Na adolescência, a vontade de assumir riscos faz com que eles se envolvam mais com alcoolismo, dependência de drogas e situações de violência. Os limites rígidos para que comuniquem suas emoções resultam em uma alta taxa de suicídio – várias vezes maior que aquela observada em mulheres da mesma faixa etária e nível socioeconômico. Tudo isso indica um fortíssimo papel do ambiente – e não de fatores biológicos ou genéticos – na fragilidade do sexo masculino.
A educação conjunta expôs outra diferença: em termos acadêmicos, as meninas aprendem melhor que os meninos. Por exemplo: na Inglaterra, os resultados do GCSE (General Certificate of Secondary Education), equivalente britânico do ENEM, mostraram uma diferença significativa entre os sexos. Aos 16 anos de idade – momento em que o exame é realizado -, 42,8% dos meninos obtiveram uma nota igual ou acima de C, contra 53,4% das meninas. Quanto menor o nível socioeconômico, maior foi a diferença encontrada.
Meninos amadurecem mais lentamente que meninas, e tendem a recuperar o terreno perdido apenas mais tarde, mas seu comportamento arisco é cada vez menos tolerado nas escolas.
De um modo geral, homens são melhores em tarefas que exigem habilidades de navegação, raciocínio e força física. Aos 2 anos de idade, meninos se saem melhor que meninas para construir pontes com tijolos de brinquedo. Meninas são melhores em leitura e escrita, e tem mais consciência de suas emoções.
A mania masculina de “fechar-se em si” quando não está se sentindo bem pode começar na infância, mas se estende para a vida adulta com sérias consequências: mesmo quando doentes, os homens costumam não perceber ou valorizar os sintomas, e tendem a procurar auxílio médico tardiamente.
Problemas circulatórios, diabetes, alcoolismo, úlcera duodenal e câncer pulmonar são mais comuns em homens, ao passo que as mulheres apresentam uma incidência significativamente mais elevada de depressão, transtornos alimentares e doenças autoimunes. Na soma desses riscos, as mulheres saem ganhando: em praticamente todos os países, as mulheres vivem mais – e a diferença na quantidade de anos a mais está aumentando. Os andrógenos poderiam responder pela morte mais precoce entre os homens, mas estudos recentes sugerem que a resposta para a longevidade está no mosaicismo feminino.
Fechando a conta
Antes de concluir que ser Homem é um transtorno genético, entenda que os dados apresentados expõem médias de valores que socialmente consideramos “normais”.
Talvez, 500 mil anos atrás, um hominídeo macho precisasse enfrentar todas as situações de risco que pudesse para conseguir se alimentar e procriar. Hoje, as rivalidades se tornaram mais complexas: não competimos mais tanto por fêmeas, fontes de água, alimentos ou território. Competimos entre nós mesmos.
As técnicas de sobrevivência desenvolvidas por nossos ancestrais não são muito similares àquelas que necessitamos no mundo moderno – mas nossos genes continuam basicamente iguais. As vantagens que tínhamos na forma de força física e de orientação espacial provavelmente eram mais valiosas no passado. Agora, essas características são úteis apenas em contextos bem específicos ou tornaram-se simplesmente decorativas, na maioria das vezes.
O seu desafio, como representante masculino de nossa espécie, consiste em adquirir, através de empenho voluntário e disciplina consistente, o conhecimento e as habilidades emocionais necessárias para desempenhar seu papel de Homem. Coloque-se à altura do desafio!
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