OS QUASE-HOMENS DO SÉCULO XXI

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Até o século XIX, a masculinidade era definida em termos de caráter, e isto envolvia dever, trabalho duro, empreendedorismo, criatividade, coragem, piedade, moderação, força física, disciplina, integridade, honra, reputação e – sim – prosperidade material. Um Homem de Verdade possuía um ego forte, uma personalidade inflexível e uma confiança inabalável em sua intuição. Ele era substancial e sólido como uma casa de tijolos. Só mais tarde adicionamos à masculinidade as características de controle e de fabricação “industrial” da natureza.

A 1a Guerra Mundial levantou sérios questionamentos se o progresso moral fazia parte de nosso tecido civilizacional. A Grande Depressão dos anos 1920 e 1930, e a 2a Guerra Mundial acentuaram as fraturas em nossas convicções sobre a validade dos modelos “clássicos” de masculinidade – um processo de desilusão que foi intensificado pelas teorias de Freud, Gyorgy Lukács, Theodor Adorno, Max Horkheimer, Herbert Marcuse, Jurgen Habermas e outros.

Por volta da década de 1960, o acúmulo dessas novas concepções (somado à disseminação do relativismo moral e da cultura de massa) resultou em gerações incapazes de assumir compromissos inegociáveis com qualquer perspectiva singular. Os homens “pós-modernos”, empanzinados com divertimentos superficiais, passaram a contemplar o mundo como uma confusão de abstrações, inadequações e ironias rasas onde qualquer busca por um propósito mais elevado era rotulada como uma ideologia retrógrada, opressão patriarcal ou simplesmente nostalgia improdutiva.

No século XXI, finalmente testemunhamos multidões de homens cujos gostos e convicções são formatados pela moda, que não encaram como um dever o aprimoramento do espírito e fazem piada do desenvolvimento da força de vontade. “Gosto não se discute” virou um mantra inatacável, e o centro organizador do caráter foi transferido para um pluralismo tão frívolo quanto obscuro. O que os homens do século XXI não percebem é que este tipo de atitude significa renunciar à sua própria identidade masculina. Eles podem até não perceber o lapso, mas sentem e sofrem diuturnamente com cada uma das consequências desta escolha equivocada.

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