COLETIVISMO E CRISTIANISMO: UM ALERTA

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Em minhas andanças pelo país, encontrei várias vezes localidades pobres que valorizavam sobremaneira a pesca rudimentar, a agricultura de subsistência ou o artesanato simples como formas de “cultura e tradição”.

Eram comunidades “fechadas” para a valorização da Educação como um valor intrínseco, e que desprezavam a meritocracia empreendedora focada no lucro como se ela fosse uma “ferramenta de destruição em massa”. Em geral, apresentavam índices significativos de violência, transtornos depressivos, gravidez em adolescentes e drogadição (e talvez apresentem esses índices até hoje).

Nesse meio tempo, nessas comunidades, todos desejavam desfrutar de tudo aquilo que a prosperidade poderia oferecer. Como a “cultura local” não levava a este caminho, zangavam-se com quem quer que lhes apontasse a ferida, em uma regressão infinita de “querências por direitos” e nenhum comprometimento proativo com as mudanças. E isto sempre me frustrou profundamente.

Não poucas vezes me flagrei pensando até que ponto a estrutura mental & econômica dessas comunidades estaria ligada aos credos religiosos predominantes no local. Sempre que meditava sobre isso, era como se tivesse voltado para 1905 e estivesse assistindo Max Weber fazendo uma palestra de lançamento de “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”…

Tomás de Aquino (1225-1274) foi um dos mais importantes teóricos da filosofia Cristã, e devemos a ele o sincretismo entre os dogmas de Cristo e ideias de Aristóteles. Em “Suma Teológica” – escrita entre 1265 e 1273 –, Aquino descreveu a doutrina que se constitui numa das principais bases axiomáticas do catolicismo. Na obra imensa de 2669 capítulos, ele diz explicitamente:

“o [outro] poder que tem o homem sobre as coisas exteriores é o uso delas. E, quanto a este, o homem não deve ter as coisas exteriores como próprias, mas, como comuns, de modo que cada um as comunique facilmente aos outros, quando delas tiverem necessidade. Por isso diz o Apóstolo: manda aos ricos deste mundo que deem, que repartam francamente”.

Aquino encarava a Propriedade Privada de modo bastante similar à nossa Constituição Federal: ela é legítima desde que cumpra uma função social. E o mesmo vale para qualquer riqueza, seja ela derivada de herança ou acumulada por esforços próprios.

Observando pela lente do Tomismo, o Cristianismo soa surpreendentemente Coletivista.

Agora faça as contas: em um ranking de 65 países classificados segundo o índice de religiosidade, o Brasil ocupa a 23ª posição. Entre os 20 países da América Latina, somos os 4º mais religioso.

Dos 208 milhões de brasileiros, 86%– ou 178 milhões de pessoas – são cristãos, o que sugere uma mentalidade fortemente alinhada aos preceitos de Tomás de Aquino, incluindo a vilanização da prosperidade e a relativização da propriedade privada.

Esta herança “moral” foi implantada em nós pelos doutrinadores Esquerdistas com a condescendência do Cristianismo Católico e, até mesmo, em alinhamento às recomendações de Aquino.

No final, a herança aprisionou-nos no entendimento de que a condição humana é de alguma forma “insatisfatória”, ou decaída ou incompleta, e que a prosperidade dependerá sempre de alguma intervenção patrocinada por alguém – pela Igreja, por Deus ou, na folga de ambos, pelo Estado.

E não apenas isso: a doutrinação dogmática socialista nos tornou incapazes de distinguir entre a subordinação das ações individuais para construção de um resultado eticamente amplo, virtuoso e elevado, e a sujeição das pessoas umas às outras como um projeto de poder beneficiando “perpetuamente” uma casta restrita de “eleitos”.

Quando se aproxima e flerta com o ideário da Esquerda, o Cristianismo Católico colabora a eliminar a capacidade de emancipação mental, reduzindo as pessoas à imbecilidade – a condição essencial para o sistema de escravidão e subserviência do Coletivismo seja implantado com sucesso. E o poder de convencimento emocional desta dinâmica foi e continua sendo poderosíssimo.

Se você duvida, recomendo que faça uma viagem de carro por alguns municípios pobres de seu estado e anote em um caderno suas impressões. Seria uma troca de experiências interessante.

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