Homens e mulheres são organismos bastante semelhantes. Necessitam praticamente dos mesmos nutrientes, respiram a mesma mistura de gases atmosféricos, sangram e possuem capacidades cognitivas equivalentes. Contudo, quando se trata de modo como experimentam a vida, as realidades não poderiam ser mais opostas.
Homens e mulheres recebem criações distintas. As meninas são ensinadas a serem bonitas, simpáticas, afáveis e delicadas. Por outro lado, os homens recebem uma educação que prioriza o comportamento rude. Eles devem se virar sozinhos e depender de ninguém. Não adianta muito categorizar se isto é certo ou não: é este o modo como os Homo sapiens vem transmitindo seus valores a centenas de milhares de anos. Se mudanças estão ocorrendo, elas ainda são sutis demais para terem alguma significância no nosso histórico como espécie.
Dividimos nossas crianças dentro desses estereótipos, da infância à adolescência e para dentro da idade adulta, e então nos perguntamos surpresos por que Homens e Mulheres são tão diferentes. “Talvez a genética…”, dizem os especialistas. Ok, talvez a genética tenha algum papel, mas o efeito maior é da Cultura, não da natureza. Cobramos das meninas “autocontrole” e estimulamos os meninos a serem “pra frente”.
Não há como negar: a vida é mais fácil para os homens. É impossível argumentar contra isso. O corpo de uma mulher requer muito mais trabalho e manutenção que o de um homem – especialmente quando levamos em conta a salada de expectativas e normas da sociedade. Por exemplo: todo dia, antes de sair de casa, a maioria das mulheres dedica vários minutos confeccionando uma pintura cerimonial no rosto. Você conhece algum homem que faça algo parecido para afirmar sua masculinidade?
Finalmente, quando estão crescidas, as mulheres caem no mundo para seguir suas paixões, construir uma carreira e criar um espaço para seu nome no mercado de trabalho. Nesse momento, elas recebem em choque a notícia de que não era bem isso que se esperava delas. Se querem sucesso profissional, não devem descuidar também das tarefas domésticas. O trabalho das fêmeas, nesse sentido, é dobrado.
Talvez como consequência da necessidade de maior vigor para prevalecer na sociedade, especialmente nas últimas décadas, as mulheres tenham se tornado emocionalmente mais resilientes que os homens. Os caras recebem facilidades, as mulheres recebem dificuldades. Elas devem cozinhar para seus maridos, engravidar, cuidar da roupa suja e dos filhos, se manter em forma, magras, maquiadas, perfumadas, disponíveis e afetuosas – ESSA é a cobrança, escancarada ou não. Os machos podem trabalhar, jogar sinuca, beber com os amigos, rir da própria barriga e exigir sexo a qualquer hora – ISSO faz deles machos de verdade.
Esse tipo de treinamento a base de pancadas levou boa parte das mulheres a um nível de excelência quando se trata de lidar com as próprias emoções. Elas tendem a suportar menos dor física que os machos, mas têm muito a ensinar no campo dos sentimentos. Basta observar algumas estatísticas: em casais que passaram por situações de infidelidade, as mulheres se mostram mais propensas a perdoar e seguir em frente que os homens. Homens não perdoam: eles entram em um modo de rancor, amargura e autocomiseração.
Provavelmente, esta é a maior lição que sua fêmea pode lhe ensinar: como ser um bom controlador das suas emoções, como enxergar para além da névoa de fúria e revolta patrocinada pela sua testosterona. Que tal deixar o orgulho de lado por alguns minutos e assistir com atenção a esta aula? O aprendizado será seu – e o lucro será mútuo.