Existe uma máxima bastante ensinada pelos gurus do sucesso: faça o máximo possível. Dedique o máximo de si, o máximo de sua concentração, o máximo do seu tempo, o máximo de tudo. Ainda que isso seja em parte verdade, algumas vezes fazer MENOS pode significar fazer MELHOR.
Por exemplo: indo a um bom restaurante com preço justo, você quer provar todos os pratos, comer todas as sobremesas e sair de lá rolando de tão cheio. Mas o frenesi alimentar vai provocar indigestão e acabar com o prazer de sua experiência gastronômica.
Ou o sujeito entra na academia e quer passar por todos os aparelhos possíveis com o máximo de carga possível logo no primeiro dia. Dois dias depois, se espirrar, ele convulsiona de dor e seu suor virou ácido lático puro.
O cara faz uma viagem para um lugar fantástico. Chegando ao hotel, larga as malas na cama e parte para uma excursão à pé, entrando em cada rua, ponte, beco, bar, bistrô, museu e praça da cidade. À noite, está exausto e os pés cheios de bolhas sabotam os planos dos dias seguintes.
O famoso escritor Ernest Hemingway tinha uma técnica para elaborar seus romances: ele determinava uma quantidade específica de horas de labuta, concentrava-se 100% naquilo e, ao terminar, sempre deixava um gancho para o dia seguinte. Ele terminava os trabalhos do dia sem exatamente finalizar o raciocínio, deixando um fio de “quero mais” para o dia seguinte. Isso o mantinha estimulado, aguçava sua criatividade e evitava o “branco literário” – a sensação de não saber por onde retomar a história.
Para controlar o impulso do “máximo possível”, empregue o mesmo método de Hemingway: deixe um espaço para querer mais.
Quando estiver no restaurante, coma menos. Você não é um refugiado de guerra ou sobrevivente de um ataque nuclear: sair com um restinho de fome não irá lhe matar. Haverá comida no dia seguinte, em algum lugar. Além de se sentir mais leve e saudável, suas coronárias e a circunferência da sua cintura agradecerão o esforço.
Na academia, seja metódico e persistente. Os resultados podem até demorar, mas eles nunca irão chegar se você se afastar por lesões.
Quando viajar, curta, seja flexível e aproveite o presente. Caso aquela cidade não seja destruída por uma hecatombe, você terá sempre a opção de voltar lá e conhecer mais um pouco. Tudo dependerá de seu desejo e planejamento.
Deixar espaço para querer mais aumenta a vontade para mais um dia, mais uma oportunidade, mais uma experiência, mais um sabor, mais um passo. Agindo com inteligência e parcimônia, menos ansiedade significará mais vida. Como isso poderia ser ruim?
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