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Nem todo humano adulto e saudável gosta de desentendimentos, especialmente em seus relacionamentos amorosos. Existem, de fato, casais viciados em uma espécie de montanha russa emocional que adoram um barraco apenas para fazer aquele sexo apaixonado logo em seguida. Convenhamos: isso não é nem de perto representativo da maioria das pessoas.
Como médico, atendo um número considerável de pacientes que classificam sua vida sexual como “insatisfatória”. Quase sempre, um dos dois comparece para uma consulta e arruma uma maneira de fazer o assunto aparecer. “O que o senhor recomenda para resolver isso?”, é a pergunta que frequentemente fecha a exposição, acompanhada de um semblante angustiado.
Se o homem ou a mulher indica um motivo bem determinado para o clima mais frio do casal, a solução costuma ser fácil. Mas quando o motivo é “Ficou morno e eu nem sei por qual motivo… parece que perdemos (ou perdi ou ela ou ele perdeu) o interesse por sexo”, eu pergunto: “Então porque você está com raiva dele ou dela?”.
Curiosamente, “Eu não estou com raiva!” não costuma ser a resposta mais comum. A frustração e a mágoa em geral estão tão próximas da superfície que uma pergunta simples dessa desencadeia uma avalanche de relatos e outras queixas. A raiva raramente é direcionada para algo específico (“Ah, ela não lembrou o aniversário da minha mãe”), mas quase sempre deriva de névoas guardadas em silêncio por tempo demais (“Ela não valoriza meu esforço, simplesmente não se importa mais comigo, é isso!”).
Ok. Aí está a raiva.
MECANISMOS PADRONIZADOS DE AFASTAMENTO
As pessoas lidam com os sentimentos de raiva de três maneiras diferentes.
Elas podem expressá-la diretamente: “Eu fiquei mesmo p* da vida pelo jeito que ela me tratou no final de semana”.
Podem suprimi-la: “Não queria causar uma confusão à toa ou fazer uma tempestade em copo d´água… só queria que ela fizesse um esforço para ser mais carinhosa comigo”.
Ou podem reprimi-la: “Eu estava cansado quando chegamos do jantar, tomei um banho e fui direto para a cama dormir sozinho, nada demais. Está tudo certo”.
Em todos os casos, o mecanismo para lidar com a raiva afasta a pessoa que poderia ajudar você a resolver a situação. É uma incongruência pirracenta e improdutiva.
Ao serem confrontadas com a raiva, algumas pessoas submergem dentro de si mesmas e aguardam caladas até que a emoção amenize. Outras explodem apontando fatos substantivos, alteram o tom de voz, ficam com o rosto vermelho, as veias do pescoço saltam, a saliva escorre, e então, após verterem completamente o frenesi de seu ódio, a tempestade se desfaz.
E outros casos, o sujeito (ou sujeita) faz das tripas coração para instigar um desentendimento e, com isso, conseguir manter o objeto de sua raiva a uma distância justificada. Nesse cenário, a discussão é um disfarce para a verdadeira insatisfação: como o enraivecido é incapaz – ou tem medo – de apontar exatamente o quê está lhe incomodando, ele despeja toda sua frustração no primeiro aborrecimento mínimo que tropeçar pela frente.
É importante aprender como a pessoa ao seu lado lida com a raiva. Quando manuseada de forma imprecisa e imatura, a raiva pode se tornar extremamente tóxica. Uma raiva mal destilada aniquila o amor, a estima, a atração, o desejo e tudo mais que poderia manter um casal conectado.
Por isso, quando a ilha calliente do sexo em seu relacionamento começar a virar um imenso iceberg inexpugnável, lembre-se das palavras de Buda: “Guardar raiva é como segurar um carvão em brasa com a intenção de atirá-lo em alguém: é você quem se queima”. Seja paciente. Seja sábio. Quem age com equilíbrio em um momento de raiva poupa cem dias de sofrimento. Respire fundo e pergunte a ela: “Você está com raiva de quê?”. E então prepare-se para ouvir.
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