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Em 1992, o psicólogo James Hillman e o ensaísta Michael Ventura escreveram um livro incrível: 100 anos de psicoterapia e o mundo está cada vez pior. A obra possui uma estrutura em 3 partes: a primeira sessão, na forma de um diálogo entre Hillman e Ventura; a segunda, ensaios escritos pelos dois autores; a terceira, um retorno ao formato de diálogo do início do livro.
Em um verdadeiro vendaval de idéias, ambos os autores assumem que a psicoterapia, em seu estado e moldes atuais, é inadequada para lidar com as neuroses e ansiedades da modernidade.
O mundo está maluco, vamos concordar com isso. Valores virados de ponta cabeça, leis que promovem injustiças, governos especializados em deliquência, Estados seculares proselitistas, o amor que mata, guerras pela paz, cidadãos de moral bandoleira, predadores com discurso vitimizante, educação ecofeminista nas escolas, identidades sexuais relativizadas… O que mais poderíamos dizer sobre uma espécie que promove esse tipo de coisa? Estão todos malucos. Ponto.
Nossa neurose e a infelicidade geral são promovidas pela subversão dos princípios da Natureza de onde nos originamos. Essas multidões de meninos e meninas perdidas buscam respostas nos consultórios de psicoterapia e estes treplicam com discursos de introspecção, isolamento, autopiedade e soluções egocentradas que são muito mais parte do problema que alguma cura em si.
Talvez o maior revés do livro esteja na ênfase – nem sempre subliminar – que os autores tecem sobre as benesses do Coletivismo. Segundo Hillman e Ventura, o grande imbróglio do Mundo Ocidental está na preocupação excessiva com o individualismo – que se implantou às custas do sacrifício de uma consideração mais coletiva, capaz de abranger a sociedade como um organismo inteiro ao invés de focar apenas em uma célula/indivíduo por vez. O ativismo político em prol da coletividade seria, então, a saída para os males sociais que enfrentamos.
A ALMA DO MUNDO
Nas palavras de Hillman: “Tivemos 100 anos de análises, e as pessoas estão se tornando cada vez mais sensíveis; e o mundo, pior. Talvez seja hora de olharmos para isso. A terapia vê a alma como sendo algo interno no indivíduo. Contudo, ao não reconhecer que a alma também está no mundo, a terapia se torna incapaz de fazer seu trabalho. Os prédios estão doentes, as instituições estão doentes, o sistema bancário, as escolas, as ruas – a doença está em toda parte”.
O ponto de vista de Hillman e Ventura é sério, imaginativo, cáustico e maravilhosamente espontâneo. Eles defendem bem a ineficiência da ideologia psicológica que pretende transformar o mundo reorientando uma pessoa de cada vez – enquanto rouba delas os mesmos sintomas que poderiam resultar em alguma ação mais eficaz.
Se o modelo que utilizamos para compreender outros seres humanos os reduz a um conjunto de “transtornos” e fragmentos de personalidades, como iremos empregar conexão, vínculos e afeto para criar um processo de cura integral?
Segundo Hillman, a imaginação, a mitologia e a cultura desempenham um papel muito mais importante no desenvolvimento da consciência que as experiências da infância e as cicatrizes emocionais. Na palavras do psicólogo: “Nossas vidas são menos determinadas pela nossa infância que pela maneira traumática com a qual aprendemos a lembrar de nossa infância”.
Hillman diz que fomos condicionados a localizar a psiquê “debaixo da pele”. É lá que vamos para examinar os sentimentos e sonhos que nos pertencem. Enquanto empreendemos essa ego-trip, a natureza age e a sociedade se corrompe – influenciando-nos absurdamente com sua deterioração.
Cada vez que tentamos lidar com nossa fúria no trânsito, nossa frustração no trabalho, nosso terror com o crime, cada vez que tentamos sedar nossa raiva e nosso medo por meio da psicoterapia, estamos privando o mundo político de algo precioso. A terapia, com suas ferramentas malucas que enfatizam o “mundo interior” em detrimento da “alma do mundo”, apenas adiciona mais água e terra ao lamaçal desse engano.
Ainda assim, a psicologia – como a medicina em um todo – acredita estar curando o mundo tornando as pessoas melhores. Se todo mundo fizesse terapia, teríamos cidades melhores? E prédios, livros, famílias, valores, pessoas e consciências melhores? Depois de 100 anos, não parece ser exatamente esse o caso.
O conhecimento avançou, mas nossa capacidade de lidar com o mundo à nossa volta deteriorou. Melhor dizendo: essa capacidade se desintegrou. A busca pelo resgate da “criança em nós” nos levou exatamente para isso: para trás, para uma infância emocional perpétua.
ABANDONE A CRIANÇA INTERIOR
O arquétipo da criança – adorado e idolatrado pela pós-modernidade – é, em essência, apolítico e desamparado. Ela acha o mundo grande demais e se contenta em focar-se em si mesma, no seu desenvolvimento pueril, na criação de laços sentimentais que lhe apóiem, salvando-a do naufrágio de sua fragilidade insidiosa. Isso é um desastre: um Estado civilizado depende profundamente de cidadãos maduros, sólidos, ativos – e não de crianças.
O crescimento sempre representa a perda de algo, e os adultos em psicoterapia acham que a coisa mais maravilhosa que podem fazer com sua mente é cuidar da criança interior. Com isso, perdem nada. Mas esquecem que também crescerão nada.
No mundo orgânico, quando algo começa a crescer, este algo está se movendo constantemente para algum movimento pouco familiar e para coisas pouco familiares. Um pássaro em crescimento é um animal esquisito, trocando de plumagem e tentando desengonçadamente bater as asas para voar, perdendo o chão sob seus pés.
Os humanos trocaram este regime de fases críticas por uma fantasia romântica onde o crescimento pode ser um processo harmonioso, para sempre criativo e integrador, onde todas as bagagens de uma vida seguem juntas em uma viagem de melodias bem compassadas. E esse é exatamente o pensamento que provoca o erro no sistema. Crescer não é uma cantiga de ninar: é uma tempestade de trovões, caos e inquietações urgentes.
Eu entendo que Encontrar paz em um mundo turbulento é uma meta razoável e singela para sua vida. Tudo bem. Este objetivo pode ser alcançado pela estrada do egocentrismo meninil e seu mantra do desapego a tudo ao seu redor.
Por outro lado, Levar paz para um mundo turbulento é uma meta de coragem e honra. Enquanto as crianças brincam assustadas no playground de suas feridas emocionais, é este o destino de forças que aguarda as grandes almas nesse planeta. E nenhuma delas estará se queixando das fraldas ou tomando fluoxetina ou clonazepam enquanto cumpre sua missão, lhe garanto.
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