VOCÊ SABE IDENTIFICAR A PSEUDOCIÊNCIA?

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Não raramente, deparo com afirmações espantosas sobre alguma descoberta “científica” que irá mudar minha vida: os poderes da água ionizada, os benefícios do sal do Himalaia, palmilhas magnetizadas, dimensões ocultas, graviolas anti-cancerígenas, fluxos mentais capazes de alterar a matéria e por aí vai.

A maldição que acompanha a Ciência atende pelo nome de Ignorância, e a ignorância pode assumir várias formas, sendo a Pseudociência sua versão mais moderna e danosa.

Diferentemente da fé religiosa – que admite seu viés sobrenatural -, a pseudociência se traveste de ciência para tentar convencer que suas afirmações não são falácias e charlatanices, mas grandes sacadas genuínas da Realidade.

Mas a pseudociência é exatamente o que o nome diz: FALSA ciência. É apenas um modo sofisticado e bacana para justificar as velhas crenças absurdas de sempre.

CINCO PERGUNTAS ESTRATÉGICAS

Para se salvar dessa confusão, é preciso manter uma mente crítica. Quando se deparar com algo que pode ser pseudociência, aplique 5 raciocínios rápidos:

1) TEORIAS. A afirmação se qualifica como uma teoria? Uma teoria se origina de e é apoiada por um conjunto evidências específicas que podem ser testadas por diferentes instituições em diferentes locais do mundo.

2) ANCESTRALIDADE. A afirmação baseia-se em conhecimentos ancestrais? Esse tipo de conhecimento por si só não se qualifica como evidência científica. Sem testes que validem sua eficácia, consistência e critérios de reprodução, um conhecimento ancestral é apenas um mito, não Ciência.

3) ENERGIAS OCULTAS. A afirmação baseia-se na existência de um tipo desconhecido de “energia” ou algum outro fenômeno paranormal? O emprego descontextualizado de termos como “campos de energia”, “forças eletromagnéticas”, “orgânico”, “mecânica quântica” e “múltiplas dimensões” são ferramentas típicas da pseudociência. Utilizar amplamente conceitos popularizados pela ciência é uma artimanha bastante comum – e desonesta – através da qual a pseudociência tentar jogar um véu de confiança sobre si mesma.

4) SEGREDOS DE ESTADO. Os defensores de afirmações pseudocientíficas amam dizer que suas descobertas estão sendo mantidas ocultas pelas autoridades, pelo governo, pela grande mídia, pelas universidades, pelos médicos, pela indústria farmacêutica, pelos templários, pelos iluminati, pelos alienígenas de Júpiter e tal. Deveriam procurar atendimento psiquiátrico e tratar suas paranoias alarmistas de conspiração – ou publicar seus achados extraordinários em periódicos científicos sérios.

5) NAVALHA DE OCCAM. Existe alguma explicação mais simples e razoável para aquela afirmação? Por exemplo: a afirmação poderia ser melhor explicada apenas considerando-se a possibilidade de um efeito placebo, a capacidade de cura do próprio organismo, um truque de ilusionismo, má fé ou uma ocorrência estatisticamente possível?

A Pseudociência falha miseravelmente ao tentar passar pelos crivos descritos acima, pois suas afirmações em geral fazem parte de algum contexto político, ideológico ou cultural. Elas não são Ciência.

A Ciência verdadeira é feita com método, pesquisa e evidências, e não com marchas de protesto, blogs, reuniões de chá, seitas, templos ou igrejas.

Não encorajo você a abrir mão de suas convicções, mas sim a fazer uma análise bem honesta delas. Seja honesto CONSIGO mesmo. Tenha coragem para tanto. Questione-se com lucidez.

Ou continue a viver em seu mundo de relativismos místicos, tudo bem. Todavia, neste caso, não denomine suas fantasias de fé de “ciência”. Chame-as pelo apelido correto: chame-as de Crenças Populares. Tenha pelo menos essa dignidade

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