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Para os padrões brasileiros, o verão no norte dos EUA foi relativamente brando em 1845, com temperatura média na casa dos 20 graus Celsius. Justamente naquele ano, no dia 04 de julho, um sujeito magro, jovem e com semblante taciturno aproveitou o clima ameno e partiu da pacata cidade de Concord (Massachusetts) para uma caminhada de 3 km rumo sudeste, até um lago de água calma e pura como cristal. Ali, em uma ponta isolada na margem norte, arregaçou as mangas e começou a coletar pedras e cortar madeira para construir uma cabana rústica que lhe serviria de moradia. Ele se chamava Henry David Thoreau e contava então com 28 anos de idade.
Nos dois anos seguintes, Thoreau perambulou pelas vizinhanças e, em seu isolamento, escreveu um maravilhoso tratado de autodescoberta sobre a melhor maneira de viver uma vida simples e em harmonia com a Natureza. O livro que brotaria daquela floresta – Walden – A Vida nos Bosques (1854) – é considerado hoje tão revolucionário como o Manifesto de Marx e Engels, embora Thoreau tenha apostado mais nas ações individuais e na mudança interior do indivíduo que na mobilização popular como ferramenta de transformação.
Em 25 de julho de 1846, em uma de suas idas à cidade para adquirir mantimentos, Thoreau foi interpelado um coletor de impostos, Sam Staples, que lhe solicitou a quitação de 6 anos de taxas atrasadas. Devido à sua oposição à guerra Mexicano-Americano e à escravidão, Thoreau recusou-se a pagar o débito e passou uma noite na cadeia. No dia seguinte, alguém pagou a fiança e o liberou – contra a vontade do briguento eremita. A experiência teve um impacto profundo em Henry. Em 1848, ele iniciou uma série de palestras sob o tema “Deveres e Direitos do Cidadão em relação ao Governo”. No ano seguinte, as conferências se transformariam em outro livro extraordinário chamado A Desobediência Civil.
Isto nos leva à pergunta inicial deste artigo: por que devemos questionar a autoridade? Nas palavras de Thoreau, [porque] “é preferível cultivar o respeito do bem que o respeito pela lei“. E a lei nem sempre defende o que é direito e correto.
Lei e Justiça são conceitos abstratos que, lamentavelmente, vêm se tornando cada vez mais distintos um do outro. Em um cenário de informações caóticas e perplexidades desordenadas, questionar a autoridade é afirmar-se como um ser humano independente. Ser capaz de questionar porque você deve fazer as coisas de uma determinada maneira e, se necessário, posicionar-se etica e honradamente contra os regulamentos vigentes, é uma qualidade valorosa que poucas pessoas possuem. Por que as coisas são como são? Quem fez e faz as regras – e com que finalidade?
Existem tantos costumes em nosso mundo que, se você não for capaz de questionar a autoridade de alguma forma, será apenas mais um cego entre bilhões de outros, vagando aleatoriamente sem saber onde está ou para onde vai. Mas questionar não significa rebelar-se apenas em nome da rebeldia. Não é contestar a autoridade apenas porque ela é uma autoridade. É tornar-se comandante de seu próprio arbítrio.
Aprovar tudo costuma ser uma prova cabal de ignorância – e reprovar tudo também. Então imaginemos que, após um exame sensato, empregando toda a energia de sua lucidez e tendo apreciado judiciosamente as opiniões embasadas e divergentes sobre um tema específico, você concluiu que uma autoridade é legítima e age respeitosa e honestamente em prol do bem comum. Nesse caso, agir em consonância com ela não manifesta somente seu senso de dever, mas também uma decisão de plena consciência para além do efeito manada. É assim que você procede ao escrutinar as autoridades que se impõem em sua vida?
FORMAS DE AUTORIDADE E O PAPEL DO LIVRE PENSADOR
A autoridade pode ser representada pelo governo, seus pais, a diretoria do lugar onde você estuda ou a gerência no seu trabalho. Independente de como estiver incorporada, toda autoridade estará estabelecida em princípios hierárquicos, praxes comunitárias e regras bem estipuladas. Estas características desenvolveram-se porque são úteis e seguras para as pessoas no centro de comando e, em geral, servem apenas para tornar a vida da maioria de nós uma miséria.
Um Livre Pensador não tem medo de apontar o dedo para um expediente equivocado da autoridade vigente e engenhar seu próprio caminho distanciando-se dessas formalidades. Em parte, ele faz isso porque é um renegado. Em parte, porque está abrindo a trilha por onde os demais seguirão mais tarde.
Se uma forma de autoridade está sendo injusta, a maioria das pessoas se senta e padece, destilando sua indignação em contida revolta. Elas precisam de lideranças que se ergam em nome do que é certo, honrado e sábio. E esse é o papel dos Livres Pensadores.
A história está cheia de indivíduos que refutaram a autoridade. As verdadeiras mudanças só são possíveis quando questionamos a ordem social e passamos a enxergar o ridículo daquilo que fomos condicionados a acreditar como normalidade.
COMO QUESTIONAR?
O primeiro passo consiste em relacionar quem ou o quê tem autoridade sobre você. Pegue um papel e uma caneta e anote todas as pessoas e instituições em potenciais que exercem alguma influência ou controle em sua vida.
Na sequência, identifique os mecanismos das forças em ação: tudo que exerce autoridade possui algum mecanismo para impor o status quo. O Estado tem a Polícia. Seu empregador tem a capacidade de lhe despedir. Compreendendo onde as linhas foram traçadas e por quê, você começará a entender se elas devem ser enfrentadas, suprimidas, rechaçadas ou deixadas em paz.
Se for necessário ultrapassar a linha da autoridade, lembre-se: um rio não atravessa uma montanha por causa de sua força. Ele faz isso através da persistência. E antes da persistência existe o primeiro encontro do rio com aquilo que impede o seu curso: ao atingir a encosta, o rio diminui a velocidade de suas corredeiras, contorce-se em sinuosidades e, eventualmente, se abre em um lago antes de investir à frente. É preciso testar o terreno, analisar as fraquezas filosóficas, ideológicas e de ordem prática da autoridade.
É possível erodir o poder de praticamente qualquer coisa sendo consistente com pequenos ganhos, retirando um grão de cada vez. Foi assim que Gandhi conquistou a independência da Índia contra o poderoso Império Britânico. Grandes resultados são colhidos debaixo de grandes persistências – e um progresso lento, apesar de lento, continua sendo progresso. Sendo um centímetro mais rebelde a cada dia, porém nunca retrocedendo, a chance é que cedo ou tarde você triunfe sobre o estorvo colocado em seu caminho.
Você não precisa iniciar uma rebelião política ou largar seu emprego neste exato momento para se intitular um Livre Pensador, mas é extremamente recomendável que desenvolva em si um espírito crítico.
Como bem escreveu Thoreau há mais de 150 anos: “Fui para o bosque porque pretendia viver deliberadamente, defrontar-me apenas com os fatos essenciais da vida, e ver se podia aprender o que ela tinha a ensinar-me, em vez de descobrir à hora da morte que não tinha vivido. Não desejava viver o que não era vida, sendo a vida tão maravilhosa, nem desejava praticar a resignação, a menos que fosse de todo necessária. Queria viver em profundidade e sugar todo o tutano da vida”. E por isso mesmo, por todas as forças monumentais da natureza concentradas em nós, “Devemos ser homens, em primeiro lugar, e apenas depois disso, súditos”.
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