Quando alguém diz “sou empresário”, a primeira impressão que se tem é que este é o tipo de emprego repleto de liberdade, flexibilidade, autonomia e um imenso potencial para ganhar muito, muito dinheiro. Empreender é visto como uma das maneiras mais legítimas para ter uma carreira plena e bem sucedida.
Entretanto, quando observamos esse cenário, em geral nos esquecemos das desvantagens em ser seu próprio patrão. Se tirarmos o verniz de glamour que recobre a vida de um empreendedor, o que sobra é um ofício cheio de longas horas de trabalho, grande investimento pessoal (tanto em tempo quanto em dinheiro) e níveis de estresse bem acima da média.
Como empresário, você terá que contratar e despedir pessoas, lidar com processos, contratos, fornecedores, impostos e tarefas administrativas enfadonhas – em resumo: será responsável por quase tudo relacionado à sua atividade.
Mesmo quando as pessoas tomam consciência desses desafios, uma boa parte ainda tenta enveredar pelo caminho do empreendedorismo. Mesmo quando não estão 110% dispostas a alcançar o nível de doação necessário para construir um empreendimento sólido, algumas insistem em abrir o próprio negócio. Por que?
Em alguns casos, a resposta é simples: porque elas desprezam a alternativa.
Algumas pessoas observam a carreira profissional como uma bifurcação na estrada e acham que têm que escolher entre (1) ser seu próprio chefe ou (2) ser o empregado de outra pessoa em alguma ocupação infame.
Esta é uma falsa dicotomia.
É possível usufruir todas as características de um grande trabalho recompensador e, ao mesmo tempo, boa parte dos benefícios de ser um empreendedor enquanto trabalha para outra pessoa – desde que você encontre uma posição que preencha 4 P´s.
OS 4 P´s DE UM TRABALHO NOBRE
Ser um empregado pode ser uma missão tão boa quanto ser um empresário, desde que o seu trabalho possua excelência em 4 categorias: Propósito, Posição, Pagamento e Pessoas.
- Propósito: você se importa com o produto, serviço ou missão da empresa em que trabalha?
- Posição: você curte as tarefas do seu dia a dia e as competências do posto que ocupa?
- Pagamento: o que você recebe é equivalente ao valor que você tem?
- Pessoas: seus colegas trabalham duro e são parceiros?
Se você conseguir encontrar um emprego que atenda aos 4 P´s acima, então você descobriu uma oportunidade que é tão boa quanto ter seu próprio negócio. Mas é importante observar que você não precisa ter todos os quesitos preenchidos desde o início: um certo P pode levar tempo para acontecer.
Por exemplo: você pode estar em uma empresa que expressa um propósito pelo qual você é apaixonado, mas também é possível descobrir paixão em uma atividade depois de estar nela um tempo – e dominar as tarefas necessárias para ser um destaque em sua área. Talvez aquele ramo não lhe interesse inicialmente, porém mais tarde você se sinta fisgado por ele: mesmo que não se apaixone perdidamente pelo ramo de atividade desde o princípio, pode ser que isso ocorra com o tempo. É possível descobrir um Propósito elevado no emprego que, inicialmente, você não havia percebido.
Outra coisa para ter em mente é o fato de que, se 3 dos 4 P´s são realmente excelentes, não tem muita importância – pelo menos inicialmente – se um deles está faltando. Por exemplo: de repente você não acredita tanto no Propósito da empresa, mas existem grandes compensações no coleguismo do ambiente de trabalho – e isso pode ser suficiente para que você goste de verdade do seu emprego.
Finalmente, vamos supor que você teve a sorte de encontrar um trabalho com todos os 4 P´s, mas algumas coisas mudaram com o tempo: você foi escalado para outra equipe e perdeu seus parceiros, ou suas responsabilidades mudaram, ou o senso de significado evanesceu com o tempo. Todos esses cenários são bem comuns.
Quando isto ocorre, muitas pessoas pedem contas e partem em busca de um novo trabalho, ou então pegam o acerto e decidem começar seu próprio negócio. Alguns especialistas em RH sugerem uma terceira via: por que não conversar com seu supervisor e ver se existe alguma posição vaga em algum outro setor da empresa? Quem sabe, trocando suas responsabilidades ou trocando novamente de equipe você recupere sua paixão pelo trabalho. Seus primeiros esforços devem ser mais internos que externos: muitas vezes, um pequeno movimento lateral produz a solução que você tanto esperava.
A cultura popular levou você a acreditar que, se não for dono do seu próprio nariz, estará fadado a trabalhar tediosamente como um robô sub-remunerado. Mas, na realidade, ainda que ter seu próprio negócio seja um caminho excelente para alguns, é igualmente possível desenvolver uma carreira significativa e recompensadora trabalhando para outras pessoas. Reflita com sabedoria.